Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022
76 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 7.4. Formas graves A vancomicina é considerada a primeira opção para esta apresentação clínica da DCd. (9) Os estudos comparativos com o me- tronidazol mostram clara superioridade da vancomicina, embora a atuação in vitro seja semelhante em ambas, do mesmo modo que as taxas de recorrência da doença (cerca de 25%). A vancomicina é recomendada na dose de 125mg, VO, de 6/6 horas, por 10 a 14 dias. Alguns autores defendem o uso de doses maiores de vancomicina, de 250mg a 500mg, VO, de 6/6 horas, por 10 a 14 dias; alguns estudos comparativos nas formas graves não complicadas não mos- tram diferenças nos resultados usando as doses maiores, embora não se observem efeitos adversos adicionais, já que esse medicamento quase não é absorvido por via oral. Se houver dificuldade em se usar a via oral, a vancomicina pode ser pres- crita sob a forma de enemas de retenção em doses de 500mg em 100mL a 500mL de soro fisiológico de 6/6 horas; cita-se também o seu uso por sonda nasogástrica, gastrostomia e ileostomia. A fidaxomicina é apontada como uma alternativa para as formas graves, com resultados semelhantes ou superiores aos da vancomicina em estu- dos comparativos. Na impossibilidade das duas primeiras opções, pode ser usado o metronidazol, 500mg, EV, de 6/6 horas, por 10 a 14 dias, entretanto os resultados são claramente inferiores aos da vancomicina e aos da fidaxomicina. Nestas circuns- tâncias citam-se algumas tentativas com a tigeciclina EV, (42) porém a experiência ainda é pequena para se recomendar com mais segurança. Nos casos graves vários autores, em função da possível evolução com complicações cirúrgicas, sugerem que um cirurgião se junte ao grupo que acompa- nha o paciente para ajudar no diagnóstico mais precoce de alguma complicação de tratamento cirúrgico. 7.5. Formas graves complicadas ou fulminantes Estes pacientes devem ter um acompa- nhamento multidisciplinar, com a partici- pação da gastroenterologia, da infectologia e da medicina intensiva; é recomendado que sejam também acompanhados pela cirurgia, de modo a garantir decisões rápidas e ágeis em relação às possíveis indicações cirúrgicas. A reposição hidroeletrolítica, normali- zação do equilíbrio ácido básico e nutri- cional, inclusive os níveis da albumina, e monitorar a função renal e as múltiplas disfunções orgânicas, quando presentes, são fundamentais. Diagnóstico precoce e tratamento agressivo do choque são as principais citações dos diversos guidelines neste item do tratamento. O C. difficile deve ser tratado preferen- cialmente com vancomicina, 500mg, VO, de 6/6 horas, por 10 a 14 dias. A maioria das referências sugere a associação com o me- tronidazol, 500mg, EV, 3 vezes/dia, por 10 a 14 dias. Nos casos em que a via oral está
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