Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

54 Fibrilação Atrial – diagnóstico, fisiopatologia e terapêutica Eduardo B. Saad e Charles Slater Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.49-62, abr-jun 2022 Quadro 1 Recomendações para prevenção de fenômenos tromboembólicos na fibrilação atrial não valvar. Recomendações Classe O escore CHA 2 DS 2 -VASc deve ser empregado em todos os pacientes I Pacientes de baixo risco com CHA 2 DS 2 -VASc igual a zero não têm indicação de terapia antitrombótica I Em pacientes com escore CHA 2 DS 2 -VASc igual a 1, a terapia antitrombótica pode ser instituída, levando-se em consideração o risco de sangramento e as preferências do paciente IIa Pacientes com escore CHA 2 DS 2 -VASc > 2 têm indicação de terapia antitrombótica I Fonte: Magalhães LP, Figueiredo MJO, Cintra FD, Saad EB et al: II Brazilian guidelines on Atrial Fibrillation. Arq Bras Cardiol 2016; 106 (4 Suppl 2): 1-22. TRATAMENTO Em termos gerais, o tratamento da FA tem três objetivos principais: a prevenção de complicações embólicas, o controle da frequência cardíaca e a manutenção do ritmo sinusal . Prevenção de fenômenos tromboembólicos Inúmeros ensaios clínicos demonstra- ram de forma contundente a importância da terapia antitrombótica nesta população. O uso do anticoagulante demonstrou redução do risco relativo de AVC em 64%. Quando analisado o AVC isquêmico isoladamente, a redução do risco relativo foi de 67% e a da mortalidade total, de 26%. (18) Desta forma, fica clara a importância da terapia anticoagulante nesta população. Na atualidade, os anticoagulantes não dependentes da vitamina K se consagraram pela praticidade de uso e segurança no manejo clínico, atuando como inibidores diretos da trombina (dabigatrana) ou ini- bidores diretos do fator X (rivaroxabana, apixabana e edoxabana). A dabigatrana é um inibidor direto da trombina com meia-vida de até 17 ho- ras e mais de 80% de excreção renal. O estudo RE-LY (19) foi um ensaio de não inferioridade em que pacientes com FA não valvar foram randomizados em três grupos: dabigatrana 110mg (duas vezes ao dia), dabigatrana 150mg (duas vezes ao dia) e varfarina (INR: 2 e 3). A dosagem de 150mg demonstrou superioridade em relação à varfarina quanto à ocorrência de AVC ou embolismo sistêmico. A dosa- gem de 110mg foi similar à da varfarina na prevenção de tromboembolismo. A ocorrência de sangramento maior, por sua vez, foi significativamente mais baixa no grupo da dabigatrana 110mg, em compa- ração à varfarina, e similar no grupo da dosagem de 150mg. Dentre os seus efeitos

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