Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022
121 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.113-130, abr-jun 2022 Fundamentos do diagnóstico e tratamento da gravidez molar Vanessa Campos et al. incidência descrita de 0,002%. Acometendo mais fetos femininos (razão de 3,6:1), a DMP caracteriza-se pela presença de placento- megalia, com vilosidades coriais anômalas, exibindo múltiplos cistos proeminentes e orientados perpendicularmente à placa coriônica, apresentando vasos coriônicos tortuosos, dilatados e trombosados no ter- ceiro trimestre. Sob o ponto de vista his- topatológico, essas placentas cursam com vilosidades coriônicas aumentadas e hidró- picas com cisternas centrais envolvidas por um estroma laxo, mixoide e rico em muci- na ácida. Todavia, não exibe proliferação trofoblástica ou inclusão trofoblástica no estroma – elemento que permite diferen- ciar a DMP das doenças trofoblásticas. Em se tratando dos aspectos macroscópicos e ultrassonográficos, as alterações da DMP são praticamente indistinguíveis daquelas presentes na MHP. Uma vez que a DMP pode coexistir com presença de um feto viável e normal, é de extrema importância fazer este diagnóstico diferencial, de forma a prevenir interrupções da gravidez des- necessárias. As principais complicações da DMP são a restrição de crescimento, a morte fetal e o parto pré-termo. A DMP está associada à síndrome de Beckwith- -Wiedemann em aproximadamente 25% dos casos. (64) E a segunda situação é a gravidez mo- lar gemelar, em que uma gravidez normal coexiste com uma gravidez molar. A coe- xistência do feto com degeneração molar é relativamente rara, ocorrendo em 1:22.000 a 100.000 gestações. O achado é mais fre- quente na mola parcial e pode estar presente na gestação gemelar. Na maioria dessas gestações gemelares molares o diagnóstico é feito pela ultrassonografia, que mostra massa cística, complexa, distinta da unidade fetoplacentária. As complicações médicas das molas com fetos são maiores e incluem hipertireoidismo, hemorragia e pré-eclamp- sia. Comparadas com a gravidez molar única, as gestações gemelares com mola e feto não estão oneradas com maior risco de progressão para NTG pós-molar ou de apresentar a formametastática demandando tratamento com quimioterapia combinada. Para pacientes com mola e feto coe- xistente, a US deve ser repetida para que sejam afastadas outras doenças, como o hematoma retroplacentário, anormalida- des da placenta não molar e degradação Figura 7 Ultrassonografia mostrando útero com saco gestacional contendo embrião, com área de implantação trofoblástica contendo imagens sugestivas de vesículas hidatiformes.
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