Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

9 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. na duração, variando de 26% a 75% de uso incorreto. (8) Nos ambulatórios, a cerca de 8% dos idosos são receitados antibióticos em suas consultas. Estima-se que 13,5%dos efeitos adversos desses fármacos nos idosos são causados pelos antimicrobianos. Estes números dão uma ideia da importância do tema que será analisado a seguir. AS INFECÇÕES DURANTE A SENECTUDE As infecções participam como causa primária ou contribuem indiretamente para os óbitos em cerca de 1/3 dos pa- cientes com mais de 65 anos nos Estados Unidos. Além da letalidade elevada, as infecções nos idosos têmmaior morbidade, com processo de recuperação mais prolon- gado que nos adultos mais jovens, além de maior tempo de internação. Comumente as infecções agravam doenças de base preexistentes, podendo ainda acelerar o envelhecimento e a progressão do declínio funcional, tornando os pacientes depen- dentes de cuidados especiais. A apresentação das doenças infecciosas nos idosos tem características próprias, classificadas por alguns autores como “atí- picas”. Na verdade não são atípicas, mas sim variações do quadro clínico dos adultos mais jovens que ocorrem comumente nos idosos e refletem as alterações fisiológicas do envelhecimento. Cada vez mais se torna necessário o conhecimento da apresentação clínica das doenças nos pacientes idosos, em função dos números que vêm por aí. Clínicos com boa formação geriátrica es- tão se tornando fundamentais para lidar corretamente com estes pacientes. (14,20,29,53) Os enfermos com mais de 60 anos po- dem apresentar as mesmas doenças in- fecciosas que ocorrem em qualquer outra faixa etária, acrescidas de algumas en- fermidades muito comuns na velhice. No mundo inteiro, dentre as infecções mais diagnosticadas nos idosos destacam-se as do trato urinário, as pneumonias, as viroses respiratórias, com realce para a inf luenza (desde 2019 também para a COVID 19), as infecções da pele e do tecido subcutâneo, incluindo o chamado pé diabético, as sepses, a endocardite in- fecciosa, diarreias infecciosas, incluindo a infecção pelo Clostridioides difficile , a diverticulite e outras infecções intra-ab- dominais, a tuberculose, infecções por fungos, entre outras. Todas as infecções relacionadas aos cuidados da saúde são mais comuns nos doentes geriátricos. O estudo clínico detalhado destas infecções foge ao objetivo deste trabalho, bem como o do seu tratamento específico. PRINCIPAIS FATORES QUE FACILITAM A PRESENÇA DE INFECÇÕES NOS IDOSOS (19,25) De forma geral, os pacientes idosos têm múltiplos fatores que facilitam o surgimento das infecções, que podem estar simulta- neamente presentes.

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