Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

35 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. são cefaleia, náusea, vômitos e diarreia. É associada à mielossupressão em menos de 1% dos pacientes. Tem relação com a dose usada, com o tempo de administração (em geral > 14 dias), mais comum nos idosos e na insuficiência renal. Pode manifes- tar-se com anemia, pancitopenia e mais comumente com trombocitopenia < 100 mil. Costuma regredir em uma a três semanas após a interrupção da droga. Recomenda-se hemograma completo pelo menos semanal durante o seu uso. Também está relacionada ao apareci- mento de neuropatia periférica e neurite óptica e à dose e tempo-dependentes. A neurite óptica se manifesta com diminuição da acuidade visual, escotomas e diminuição da percepção das cores. Recomenda-se controle clínico e neurológico durante a sua utilização, bem como exame oftalmológico. Constatado o problema, a administração do medicamento deve ser retirada, podendo haver regressão ou melhora em algumas semanas, embora haja casos irreversíveis. Raramente são descritos casos de aci- dose láctica, que em geral ocorre em tra- tamentos prolongados, apesar de ter sido referida em até uma semana. O risco é maior nos idosos, na insuficiência renal, embora alguns autores considerem haver uma predisposição genética e, por vezes, interações com fármacos que possam pro- vocar acidose láctica. Manifesta-se por náusea, vômitos, fraqueza generalizada, bicarbonato baixo e lactato elevado. Com a retirada do medicamento o quadro costuma regredir em dois a quatro dias, entretanto há casos fatais referidos, devendo estas manifestações ser controladas. A linezolida é um inibidor seletivo da monoamina oxidase (MAO) e pode causar a síndrome da serotonina particularmente quando utilizada com medicamentos que, por algum mecanismo, possam produzir a mesma síndrome. São dezenas de me- dicamentos e alimentos que devem ser verificados e acompanhados durante o uso, principalmente prolongado, da line- zolida. Clinicamente apresenta-se com tremores, agitação, ansiedade, mioclonias, rigidez muscular, sudorese, alterações da pressão arterial, pele avermelhada, pupi- las dilatadas, hiper-reflexia, entre outros. Constitui boa rotina não usar fármacos serotoninérgicos juntamente com a line- zolida. A suspensão dos fármacos costuma fazer regredir estas manifestações em poucos dias. Alguns, como a rifampicina e a levotiroxina, podem acelerar a metabo- lização da linezolida diminuindo os seus níveis, enquanto outros, como os inibidores da bomba de prótons e a claritromicina, fazem o contrário. A daptomicina tem como efeitos adver- sos mais comuns a cefaleia, náusea, vômitos e constipação. Miopatia e rabdomiólise podem ser induzidas por ela em 2% a 14% dos pacientes, sem diferenças significativas da faixa etária. Os fatores de risco mais citados são a presença de insuficiência renal, obesidade, doses elevadas, tempo prolongado do tratamento e a administração

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