Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022
11 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. a participação de fatores hormonais, do dano celular que vai ocorrendo com o en- velhecimento das células e da produção de ativadores endógenos pelo sistema imune inato; alguns autores consideram que pode haver também uma alteração na resposta anti-inflamatória dos idosos, prolongando as inflamações. Clinicamente, este estado pode vir acompanhado de hiporexia, perda de peso, fraqueza muscular e desnutrição, que podem ocorrer em infecções, entretanto no inf lammaging a inflamação é estéril. Admite-se que este estado de inflamação crônica pode contribuir para que ocorram infecções, além de várias enfermidades, como a arteriosclerose, diabetes mellitus, doenças neurodegenerativas, insuficiência cardíaca crônica, câncer, entre outras. (22,23,28) Há uma diminuição da imunidade ad- quirida nos idosos. Ocorre um declínio na produção dos linfócitos T e B virgens ( naïve ), o que parece estar relacionado à in- volução do timo, que começa na puberdade e ocasiona uma redução na população e na diferenciação dos linfócitos virgens quando diante de antígenos novos. A resposta dos remanescentes é menor e há também uma redução das células-tronco e das precur- soras dos linfócitos da medula óssea. Em contrapartida, há maior acúmulo de lin- fócitos de memória, fato que não significa necessariamente maior resistência, pois a ativação funcional destas células é mais fraca, assim como são reduzidos os níveis de citocinas produzidas por eles, entretanto a imunidade antiga parece menos afetada que a imunidade para novos patógenos. Descreve-se também uma redução das cé- lulas T regulatórias, com possível aumento na inflamação e no surgimento de autoimu- nidade. Há dificuldade no relacionamento dos linfócitos com as células apresentadoras de antígenos do sistema imune inato. A imunidade humoral dos idosos declina com a idade, particularmente nos IF. Deste fato parece resultar menos proteção con- tra doenças infecciosas e resposta menos efetiva às vacinações. A relação entre os linfócitos T e os linfócitos B está altera- da, particularmente, contra os antígenos novos. Ocorre uma redução do número de linfócitos B na medula óssea, declínio dos linfócitos B virgens, menor resposta às moléculas estimuladoras da produção de anticorpos humorais, embora também haja um aumento das células B de memória. Levando em consideração a IS, alguns autores chegam a recomendar a preferência para antibióticos com mecanismo de ação primariamente bactericida nestes enfermos; esta proposta, embora lógica teoricamente, carece de trabalhos comparativos e não tem base científica sólida até o momento para ser radicalmente aplicada na prática. Alterações funcionais e anatômicas das barreiras protetoras As barreiras anatômicas e funcionais atuam como um eficiente elemento na defe- sa contra as infecções. Na medida em que o envelhecimento se instala, profundas
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