Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

13 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. No sistema nervoso central (SNC) são referidas alterações estruturais e funcio- nais na micróglia, facilitando a instalação de infecções. No sistema endócrino nos idosos ocorre aumento gradual na liberação do cortisol, catabolismo crescente com a resultante hiporexia, perda de peso, decrés- cimo da massa muscular e adinamia. No sistema musculoesquelético há progressiva redução da massa óssea e muscular com diminuição da força e da funcionalidade. Enfim, todo o organismo do idoso sofre com as alterações produzidas pelo enve- lhecimento. (4,17,25) Desnutrição Estima-se que de 10% a 30% dos ido- sos tenham déficit nutricional, porém esta estimativa pode chegar a 50% se forem considerados somente os idosos institu- cionalizados. A desnutrição, seja global ou específica por carência de proteínas ou de microelementos, causa desregulação do sistema imune e é reconhecida como fator de risco de infecção. Deve ser diag- nosticada e tratada corretamente para se romper o círculo vicioso de que as infec- ções aumentam a demanda metabólica que agrava a desnutrição, que por sua vez agrava a infecção e interfere com a sua recuperação. (37) Suas causas principais são de natureza socioeconômica, psicológica por estresse ou depressão, biológica por perda do olfato, do paladar, problemas dentários, comorbidades, aumento de produção de citocinas inflamatórias, principalmente no idoso fragilizado, distúrbios na produção dos peptídeos reguladores do apetite, além de alterações hormonais. A desnutrição é considerada umpreditor de maior letalidade nas infecções mais graves dos idosos. Mes- mo no paciente bem nutrido é importante o aporte nutricional adequado como item da terapêutica. A desidratação é comum nos doentes geriátricos, visto que seus refle- xos homeostáticos estão alterados, sentem menos sede e ingerem pouco líquido. O organismo dos anciãos tem cerca de 10% menos água quando comparado ao dos adul- tos jovens e apresenta também alterações na resposta à vasopressina. Embora menos comum, no extremo oposto, admite-se que a obesidade nos idosos também é fator de risco para muitas infecções. Comorbidades crônicas Ao contrário dos pacientes pediátricos e dos adultos jovens, os pacientes longevos comumente têm doenças associadas que requerem cuidados médicos concomitante aos das infecções. Na medida em que a idade avança, o número de comorbidades vai também se elevando e em média exis- tem de 3 a 9 enfermidades por doente. São comuns a hipertensão arterial, diabetes mellitus , hipotireoidismo, osteoporose, in- continência urinária, bronquite crônica, insuficiência cardíaca, neoplasias, qua- dros demenciais diversos, insuficiência renal crônica, cirrose hepática, artroses, sequelas de acidentes vasculares cerebrais, entre outras. O progresso da medicina

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