Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

119 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.113-130, abr-jun 2022 Fundamentos do diagnóstico e tratamento da gravidez molar Vanessa Campos et al. para 1%. (55) A expressão clínica da crise tireotóxica consiste de taquicardia, hiper- tensão arterial, tremores finos, intolerân- cia ao calor, fraqueza muscular, sudorese, miopatia tireotóxica, reflexos hiperativos, perda de peso e irritabilidade. Os testes hormonais mostram níveis baixos de TSH (ou mesmo ausente) e aumentados de T 3 e T 4 livres associados a níveis muito elevados de hCG, chegando a mais de 1 milhão UI/L. (56) O tratamento dessa condição consiste no esvaziamento uterino após o bloqueio da tireoide e a utilização de medicamen- to básico para o hipertireoidismo, como propiltiouracil, associado a medicamento de controle dos sintomas periféricos como o propranolol e de bloqueadores do sítio do hormônio tireoidiano, como o iodo. A plasmaférese pode ser ainda uma boa op- ção terapêutica no manejo pré-operatório dos casos graves. A demora em remover o tecido molar, esperando o controle clínico, pode ser danosa. (57,58) Cerca de 1% das mulheres morre por complicações pulmonares durante ou logo após o esvaziamento uterino molar. (59) No intercurso da vácuo-aspiração é preci- so atenção e cuidado na administração de líquidos, pois a sobrecarga congestiva do coração esquerdo pode levar a graves complicações pulmonares. Twiggs et al. demonstraram complicações pulmonares agudas em 10% das mulheres com mola hidatiforme (MH). (58) Esse número aumenta para 25% a 30% quando estamos diante de úteros volumosos com outros fatores associados como: anemia, pré-eclampsia, hipertireoidismo, hiper-hidratação, asso- ciados à deportação trofoblástica. O trata- mento ideal para complicações pulmonares inclui suporte ventilatório, monitoração central e o esvaziamento uterino imediato. As literaturas nacional e internacional demonstram claramente que os casos com desfecho fatal tiveram origem quando o es- vaziamento molar foi postergado. A embolia trofoblástica ocorre porque a vilosidade coriônica penetra nos canais venosos do miométrio, deixando os lindes da pelve, sendo levado pelas veias uterinas à veia cava inferior, ao coração e aos pulmões. O quadro cardiorrespiratório é grave e pode confundir com insuficiência cardíaca ou embolia pulmonar. Alguns autores acredi- tam que a indução prévia do esvaziamento uterino da gravidez molar possa aumentar o risco de embolização trofoblástica. (56,61) Há ainda o maior risco de ocorrência de NTG entre aquelas pacientes que cursaram com essas complicações pulmonares. (62) DIAGNÓSTICO CLÍNICO, LABORATORIAL E ULTRASSONOGRÁFICO DA GRAVIDEZ MOLAR O diagnóstico da mola hidatiforme ocor- re geralmente no primeiro trimestre de gravidez. A anamnese e o exame físico deixam entrever situações suspeitas: he- morragia, útero aumentado para a idade gestacional, vômitos incoercíveis, massas

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