Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

27 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. sejam feitas somente com os medicamentos essenciais, evitando-se os fármacos desne- cessários ou os de ação duvidosa. Efeitos adversos dos principais grupos de antibióticos utilizados nos idosos Os idosos apresentamas mesmas reações adversas que os demais pacientes. A revisão a seguir não tem como objetivo listar todos os efeitos adversos dos principais grupos de antibióticos e sim focalizar naqueles que são mais caracteristicamente encontrados na faixa etária acima de 60 anos. Beta-lactâmicos (31) Estes antibióticos estão entre os mais seguros nos idosos, mormente naqueles com função renal preservada. A penicilina G cristalina tem 1,6 mEq de potássio em cada 1.000.000 de UI. Em doses elevadas, em pacientes com insuficiência renal ela pode causar hiperpotassemia e todas as suas consequências, devendo-se levar em consideração no equilíbrio eletrolítico do paciente. Em doses altas, a ampicilina, oxa- cilina, carbenicilina, ceftriaxona, cefazoli- na, cefradina e cefalexina têm quantidades significativas de sódio, as quais podem determinar problemas em cardiopatas e hepatopatas. Estes mesmos medicamentos podem interagir com a digoxina facilitando o surgimento de intoxicação digitálica. A penicilina G cristalina, imipeném, cefepima, carbenicilina, ampicilina, cefazolina, cefotaxima e cefuroxima, em doses elevadas, em idosos com significativo comprometimento renal ou doenças neuro- lógicas prévias, podem ser neurotóxicas, causando crises convulsivas, mioclonias, confusão mental e psicoses. Estes fármacos parecem atuar como antagonistas do ácido gama-aminobutírico (GABA). Quando há uremia, observa-se um aumento da per- meabilidade da barreira hematoencefá- lica; por outro lado, a acidose dificulta a passagem dos antibióticos do líquor para o sangue, fatos que contribuem para au- mentar a concentração destes fármacos no sistema nervoso central. Os idosos com doenças neurológicas de base, principal- mente as sequelas de acidente vascular cerebral, também têm maior risco destes efeitos indesejáveis. A amoxicilina + clavulanato tem sido relacionada à hepatotoxicidade principal- mente na ancianidade, recomendando-se monitorar as transaminases durante o seu uso em doses elevadas e prolongadas nestes enfermos. A ampicilina, amoxicilina e várias ce- falosporinas podem diminuir a síntese de vitamina K pela microbiota intestinal e interferir no seu metabolismo. A cefope- razona pode interferir no metabolismo da trombina, podendo complicar a terapêutica anticoagulante feita por alguns pacientes. A cefalotina parece aumentar seu po- tencial nefrotóxico se associada à furose- mida, ao ácido etacrínico, a polimixinas ou a aminoglicosídeos. Várias cefalosporinas,

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