Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

104 Cintilografia com leucócitos marcados para localização de infecção Claudio Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.101-112, abr-jun 2022 TÉCNICA DE AQUISIÇÃO DE IMAGENS Antes da realização do exame sempre há um questionamento sobre a utilização de antibióticos e seu efeito na acurácia do exame. Não existe consenso na literatura sobre o efeito da interferência dos anti- bióticos nos resultados do exame, sendo que de modo geral para os pacientes que estão em uso de antibióticos propomos a suspensão da realização do exame por uma a duas semanas após a retirada da terapia, quando for possível, ou, no caso de resultados duvidosos do estudo em pa- cientes em uso de antibióticos, a repetição do teste duas semanas depois. (5) Para es- tudos de leucócitos marcados com 99mTc, quando se deseja explorar a possibilidade de infecção abdominal são recomendadas imagens precoces da região (< 60 min) pois atividade intestinal normal é observada em 20% a 30% das crianças em uma hora e 2% a 6% de adultos em três a quatro ho- ras após a injeção do traçador. De acordo com a indicação clínica, imagens de corpo inteiro, planares e, se apropriado, SPECT (ou SPECT/ CT) devem ser realizadas em três a quatro horas e 20–24 horas (imagens tardias). As imagens tardias são úteis para confirmação do acúmulo progressivo dos leucócitos nos sítios de infecção e redução da atividade de fundo. São especialmente úteis nos casos de infecções em dispo- sitivos protéticos e implantados, como marcapassos. (5-9) INDICAÇÕES CLÍNICAS As principais indicações clínicas para a cintilografia com leucócitos marcados estão dispostas na Tabela 1. A utilização clínica da cintilografia com leucócitos marcados tem se expandido em decorrência do maior número de procedi- mentos cirúrgicos com implantes de ma- teriais protéticos, metálicos ou biológicos como valvas cardíacas protéticas, mar- capassos, enxertos vasculares e próteses ortopédicas. A presença desses materiais estranhos ao organismo dificulta a avaliação acurada dos processos infecciosos pelas técnicas radiológicas tornando o exame com medicina nuclear útil. Em 2015 a Sociedade Europeia de Cardiologia incorporou o PET CT com 18F-FDG e cintilografia com leucó- citos marcados no algoritmo de investigação de endocardite infecciosa em próteses e na presença de dispositivos cardiovasculares implantados. Isto se deveu pela acurácia das técnicas nucleares e pela constatação de que a investigação pela ecocardiografia redunda em até 30%de exames inconclusivos nestas situações. (21) Na Figura 1 temos um exemplo de um caso de endocardite infecciosa em prótese valvar aórtica com hemoculturas positivas para S. aureus e ecocardiografia transesofágica inconclusiva. A infecção em enxertos vasculares tem na cintilografia com leucócitos marca- dos uma poderosa ferramenta diagnós- tica. A maioria dos estudos aponta uma

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