Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

40 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 se usava este antibiótico. Amielotoxicidade do cloranfenicol ocorre em qualquer idade, manifesta-se clinicamente com leucopenia e plaquetopenia, relaciona-se com o tempo de uso, geralmente acima de 10 dias, e com doses elevadas, em geral acima de 50mg/kg/ dia. A aplasia medular é o efeito indesejável mais temido, numa proporção de 1:25000 a 1:40000 tratamentos, e não tem relação com a dose, já foi descrita até com colírio. Acredita-se ser uma reação idiossincrática e com base genética. Os demais efeitos ad- versos são menos comuns e ocorrem igual- mente nos idosos. Recomenda-se especial atenção com as interações medicamentosas, principalmente no grupo geriátrico, em geral polimedicado. Alguns medicamentos como o fenobarbital defenil-hidantoína e rifampicina aceleram a metabolização do cloranfenicol, resultando emníveis menores do antibiótico. O cloranfenicol pode reduzir a metabolização de vários fármacos, como a varfarina, tolbutamida, clorpropamida, propiciando aumento da atuação destes remédios e surgimento de efeitos indese- jáveis. Deve-se evitar o seu uso com outros medicamentos que causam neutropenia, como a dipirona, fato que dificulta bas- tante o controle hematológico. Pode ter efeito antagônico quando administrado com aminoglicosídeos ou beta-lactâmicos. Polimixina B e polimixina E (colistina) Em geral usado em casos de resistên- cia a outros antibióticos no contexto das infecções realacionadas aos cuidados de saúde; os efeitos adversos são semelhan- tes nos dois antibióticos. Essencialmente nefro e neurotóxicos. A nefrotoxicidade se manifesta por hematúria, proteinúria, oligúria, insuficiência renal por necrose tubular aguda. Os principais fartores as- sociados são história de nefropatias, idade avançada, obesidade e associação com ou- tros medicamentos nefrotóxicos. As lesões são reversíveis na fase inicial com a dimi- nuição e/ou suspensão do fármaco. Com as doses atualmente preconizadas, mais baixas, a toxicidade diminuiu em relação ao passado. A neurotoxicidade é referida em 0% a 7% e se apresenta com tonteiras, fraqueza, prostração, vertigem, alterações visuais, confusão, ataxia, diplopia, disfagia e disfonia. Por via inalatória pode causar broncoespasmo. A anfotericina B, fosfomicina, metro- nidazol, nitrofurantoína nos idosos não apresentam diferenças significativas na senescência em relação ao seu uso nos pacientes mais jovens, a não ser as reco- mendações gerais comentadas na farma- cocinética, que são válidas para qualquer fármaco. Quanto às interações, que hoje se contam aos milhares, devem ser preo- cupação constante, e por ser impossível memorizar todas elas é necessário se dispor de fontes para consulta. Tratamento antirretroviral nas pessoas com 60 ou mais anos A população idosa com HIV tem cres- cido nos últimos anos. Dados brasileiros

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