Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

28 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 principalmente de terceira geração, podem causar intolerância ao alcool, efeito antabuse. O imipeném em doses elevadas é mais neurotóxico principalmente em idosos, preferindo-se o meropeném quando se utilizarem doses altas; O imipeném e o meropeném podem diminuir a atuação do ácido valproico e aumentar a frequência de convulsões; risco semelhante ocorre com o uso concomitante do tramadol. Aminoglicosídeos (30,46) Os aminoglicosídeos apresentam um po- tencial elevado de ototoxicidade e nefrotoxi- cidade, estando entre os de uso mais temido nos idosos. A ototoxicidade, por exemplo, ocorre em cerca de 3% dos enfermos com 14 anos e sobe para 26% aos 90 anos. Desta forma, sempre que possível devem ser evita- dos. No caso de serem usados, quando não há alternativas, controla-se rigorosamente a função renal durante todo o tempo de uso, como ocorre no tratamento da endocardite por enterococos, idealmente também com dosagem sérica da gentamicina, embora nesta situação seja preferível usar a asso- ciação ampicilina + ceftriaxona com iguais resultados e sem a nefrotoxicidade com o uso prolongado dos aminoglicosídeos. São medicamentos de faixa terapêutica estreita e capazes de produzir lesões e disfunção do túbulo proximal além de redução da filtração glomerular; nos idosos estas ações se juntam às alterações fisiológicas já ci- tadas. Outros fatores que aumentam a ne- frotoxicidade são hipotensão, desidratação, nefropatias prévias, principalmente a cau- sada pela hipertensão arterial e o diabe- tes, uso simultâneo de vancomicina, ácido etacrínico, furosemida, cefalotina, outras cefalosporinas, os anti-inflamatórios não esteroidais (AINH), anfotericina B, clinda- micina, foscarnet, contrastes radiológicos por via venosa, piperacilina + tazobactam e a polimixina B. O tratamento com dose única diária não aumenta a nefrotoxicidade, ao contrário do uso fracionado que parece aumentá-la, embora discuta-se este fato em relação à ototoxicidade em idosos. A dose utilizada e o tempo de uso acima de 3 dias são tam- bém listados entre os fatores de risco da nefrotoxicidade A nefrotoxicidade parece ser mais comum que a ototoxicidade. A neo- micina é considerada o mais nefrotóxico e a estreptomicina o menos; a sua frequência é semelhante com o uso da gentamicina, amicacina ou tobramicina. A ototoxicidade parece relacionada às elevadas concentra- ções que estes antibióticos atingem na endo e perilinfa do órgão de Corti e das células vestibulares. Os fatores de risco são os mes- mos da lesão renal. Em geral a ototoxicidade aparece em pacientes que apresentam tam- bém lesão renal. Nos tratamentos prolonga- dos o oitavo par deve ser monitorado com audiometria. As frequências mais altas são as inicialmente atingidas e são detectadas na audiometria. Nos idosos é necessário realizar audiometria de base, para fins comparativos, pois é comum haver défi- cits auditivos significativos preexistentes.

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