Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

18 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 demora em se atingir as concentrações máximas, pode haver acúmulo delas no organismo e um efeito mais prolongado; a rifampicina, as fluoroquinolonas, os ma- crolídeos, as oxazolidinonas, as tetraci- clinas, a anfotericina B e os imidazólicos antifúngicos estão neste grupo. Com o passar da idade os níveis de albumina dos idosos vão diminuindo, fi- cando reduzidos em 10% a 20%, quando comparados com os dos jovens. Esta queda é atribuída à menor ingesta proteica e à diminuição da síntese hepática. Esta re- dução pode levar a uma menor ligação dos antibióticos com as proteínas, aumentando a sua fração livre e, portanto, a fração far- macologicamente ativa. O problema tende a se agravar em idosos em uso de múltiplos medicamentos, aumentando a possibili- dade de haver deslocamento das ligações proteicas, aumento da toxicidade de alguns fármacos e maior interação de fármacos. Especial atenção deve-se dar a enfermos desnutridos e aqueles com comorbidades que diminuem a albumina, como as neo- plasias malignas e as hepatopatias, assim como a cirrose, que apresenta maior risco de toxicidade inesperada com as doses habitualmente usadas. (43) Metabolização O fígado é a principal sede de metabo- lização dos fármacos. Como todo o resto do organismo, ele também sofre com a idade. Seu tamanho vai se reduzindo e em média o peso cai entre 20% e 35%; o retículo en- doplásmico diminui e o espaço extracelular aumenta. O fluxo sanguíneo esplâncnico diminui. O fluxo hepático reduz-se de 0,3% a 1,5% ao ano após os 25 anos, chegando a uma queda de até 40% no IF. O fluxo biliar diminui bem como a síntese proteica, de gorduras e de glicose. Apesar destas mo- dificações, as provas de função hepática não costumam estar alteradas, exceto a albumina mais baixa. Com o decréscimo do fluxo, diminui a chamada metabolização da primeira passagem dos medicamentos pelo fígado, quando a terapêutica é usada por via oral. Os medicamentos demoram mais tempo para serem depurados, o que pode aumentar a meia-vida de alguns deles e elevar as concentrações séricas de alguns antimicrobianos, como macrolídeos, imida- zois antifúngicos (exceto o fluconazol), a ri- fampicina e o trimetoprim + sulfametoxazol. A metabolização da fase I (oxidação, redução e hidroxilação) de alguns fármacos pode alterar-se nos idosos. Há um declínio na atividade funcional de várias enzimas do sistema citocromo P-450, e estas alterações podem sofrer também variações individuais de natureza genética. Não há como avaliar, em termos práticos, a intensidade destes achados em cada paciente. Admite-se que há um risco potencial de acúmulo dos fár- macos não metabolizados corretamente e surgimento de efeitos adversos no idoso. Os fármacos metabolizados na fase II (conjugação com a glicina, sulfatação, ace- tilação, glucuronidação) parecem ser pouco

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2