Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

17 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. medicamentos, particularmente quando cursam com vômitos e diarreia, do mesmo modo que muitos medicamentos associados aos antimicrobianos podem causar como efeito indesejável o mesmo problema. A via venosa é a preferida para a ad- ministração dos antibióticos para os casos de infecções graves. Em geral as veias periféricas de idosos são mais difíceis de se conseguir e também de conservar. A sua manutenção torna-se ainda mais com- plicada em casos de delírio ou demência. Por outro lado, as infecções relacionadas a cateteres são mais comuns nos idosos; tão logo seja possível, deve-se passar para a via oral. Os idosos também são mais propen- sos a apresentar flebites químicas com os antibióticos do que os adultos mais jovens. A via muscular só deve ser usada em idosos se as demais alternativas foram es- gotadas. Amassa muscular dos anciãos di- minui de 1% a 2% ao ano após os 50 anos, ao mesmo tempo em que vai sendo substituída por gordura, mesmo naqueles enfermos que não apresentam sinais evidentes de obesi- dade, fazendo com que a injeção muscular seja em parte intralipomatosa. A absorção após uso intramuscular é irregular, valendo acrescentar o fato de que a circulação dos músculos pode estar alterada nos idosos. Os fenômenos irritativos no local das inje- ções intramusculares no grupo geriátrico são mais comuns, bem como os abscessos estéreis no local da injeção. (45) As vias subcutânea, sublingual, clister, cremes, pomadas, aerossol, entre outras, não parecem estar alteradas nos idosos, porém existem poucos estudos sobre o tema. Distribuição Amaioria dos pacientes geriátricos tem perda de peso relacionada com a idade. Aos 90 anos, 50% dos enfermos têm peso abaixo das tabelas ideais de adultos, 40% estão na faixa normal e somente 10% estão acima do peso ideal. A água corporal aos 80 anos é de 10% a 15% menor quando comparada à dos adultos. A massa óssea, muscular e a da maioria dos órgãos dimi- nui entre 12% e 19%. Em direção oposta, o tecido adiposo aumenta progressivamente nos anciãos, alcançando de 18% a 36% da massa corporal dos homens e porcentagens maiores ainda nas mulheres, mesmo na ausência de sinais clínicos de obesidade. Desta forma, o volume de distribuição dos fármacos hidrofílicos está diminuído, como por exemplo os beta-lactâmicos em geral, os aminoglicosídeos e os glicopeptídeos. Este quadro pode se agravar diante de doenças que cursam com perda hídrica ou com o uso de diuréticos. O uso de doses preconi- zadas para adultos jovens pode, nos idosos, resultar em concentrações plasmáticas mais elevadas e determinar mais efeitos adversos, principalmente com antibióticos de faixa terapêutica estreita, como os ami- noglicosídeos e a vancomicina. (21) Os fármacos lipofílicos, ao contrário, têm um volume de distribuição maior em fun- ção do aumento da massa adiposa; ocorre um prolongamento da meia-vida, há maior

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