Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

118 Fundamentos do diagnóstico e tratamento da gravidez molar Vanessa Campos et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.113-130, abr-jun 2022 O diagnóstico de pré-eclampsia ultra- precoce, acometendo gestações commenos de 20 a 24 semanas, faz suspeitar da ocor- rência de mola hidatiforme. Trata-se de complicação grave, causada pela acentuada hiperplasia trofoblástica, felizmente rara nos dias atuais. Pode a mola hidatiforme precipitar não apenas os casos de pré-e- clampsia, como suas formas graves como a eclampsia e síndrome de HELLP. Sua sintomatologia exuberante não difere da- quela descrita em gestações não molares. O tratamento clínico desses casos é o mesmo de uma paciente com pré-eclampsia grave, e que incluem o uso de sulfato de magnésio a 50% para prevenir o quadro convulsivo e melhorar o prognóstico materno, além de anti-hipertensivos para controle da pressão arterial. Não se deve postergar o esvaziamento uterino. A seguir, o controle pressórico deve ser alcançado através do uso de anti-hipertensivos habituais. (53,54) A ocorrência de hiperêmese gravídica pode causar não apenas perda de peso, como distúrbios hidroeletrolíticos e meta- bólicos, podendo determinar a síndrome de Wernicke-Korsakoff. Por isso, a repo- sição de tiamina associada à hidratação e aos antieméticos, precedendo a infusão de glicose, constitui as estratégias farma- cológicas para o tratamento dos vômitos incoercíveis associados à gravidez molar. Por certo, apenas o esvaziamento uterino será capaz de extinguir esse quadro. (41,42) A ocorrência de hipertireoidismo as- sociado à gravidez molar deve-se à seme- lhança estrutural entre a subunidade alfa hCG e o hormônio estimulante da tireoide (TSH). O hipertireoidismo clínico está pre- sente em 5% dos casos de mola hidatiforme e ocasionalmente a crise tireotóxica se de- senvolve com quadro clínico exuberante. Com o diagnóstico precoce, a incidência do hipertireoidismo assintomático reduziu Figura 4 Cistos tecaluteínicos dos ovários em paciente com gravidez molar. Figura 5 Ultrassonografia mostrando corte longitudinal de um ovário acometido por cistos tecaluteínicos em paciente com gravidez molar.

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