Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

117 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.113-130, abr-jun 2022 Fundamentos do diagnóstico e tratamento da gravidez molar Vanessa Campos et al. tromboplastina parcial. Nos casos mais graves, em que a hemorragia além de copiosa é persistente, pode o tromboelas- tograma auxiliar na escolha do melhor tratamento dessas pacientes com gravidez molar hemorrágica. (3,17,48) Por ser a mola hidatiforme doença tumo- ral, que se caracteriza por uma hiperplasia trofoblástica, cerca de 40% das pacientes cursarão com o volume uterino quatro cen- tímetros acima do tamanho esperado para a idade gestacional, configurando-se o útero aumentado, como ilustra-nos a Figura 3. Nesses casos, além de maior risco de evo- lução maligna, sabe-se que essas pacientes cursam commaior ocorrência de perfuração uterina durante o esvaziamento molar, além de maior risco para embolização trofoblás- tica com grave acometimento pulmonar. (49,50) A hiper-reação luteínica presente entre as pacientes com gravidez molar deve-se ao estímulo exagerado de hCG, além de maior sensibilidade ovariana a esse hormônio. Nesses casos, os ovários apresentam-se com grandes e múltiplos cistos, bilaterais e multiloculados, com líquido claro no seu interior, como bem mostram as Figuras 4 e 5. Trata-se de situação benigna associada a 25% dos casos de mola hidatiforme. Sen- do seu tamanho proporcional à atividade gonadotrófica da massa trofoblástica, a avaliação de seu maior diâmetro (> 6cm) é dado relevante no estabelecimento do fator prognóstico, podendo ser respon- sável pela lenta queda dos níveis de hCG no seguimento pós-molar e maior risco de progressão para a NTG. Em geral, a conduta clínica a ser adotada é de vigi- lância estrita, pois a regressão dos cistos dá-se espontaneamente em torno de 6 a 8 semanas, após o esvaziamento uterino, com a normalização do hCG. Sabe-se que 3% das pacientes com gravidez molar e cistos tecaluteínicos de volume aumen- tado podem evolver para complicações, necessitando de abordagem por cirurgião habilidoso. Casos de abdome agudo podem ser originados por torção anexial ou até mesmo rotura dos cistos volumosos, tor- nando imperiosa a exploração cirúrgica por laparotomia ou laparoscopia. Pensando sempre na possibilidade de preservação dos ovários, o cirurgião precisa verificar a presença de sinais de necrose, que podem ser indicadores da necessidade de uma ooforectomia. (6,51,52) Figura 3 Útero aumentado para a idade gestacional em paciente com gravidez molar.

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