Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

102 Cintilografia com leucócitos marcados para localização de infecção Claudio Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.101-112, abr-jun 2022 câmaras de cintilografia convencionais (SPECT – tomografia computadorizada por emissão de fóton único, do inglês single photon emission computed tomography ). (1) O objetivo deste artigo é abordar o uso da cintilografia com leucócitos marcados na localização de processos infecciosos. BASES FISIOPATOLÓGICAS PARA USODOSLEUCÓCITOSNADETECÇÃO DO PROCESSO INFECCIOSO A utilização de leucócitos para realizar exames de imagem tem fundamentação no papel central que estas células desempe- nham nos processos infecciosos. Os neu- trófilos são os leucócitos responsáveis pela linha de frente de resposta para combate a grande número de patógenos, em especial às bactérias, tendo um ciclo médio de vida de duas semanas, com uma circulação no sangue periférico de uma semana. Em doenças inflamatórias ou infecciosas, em virtude do estímulo quimiotático ocorre a migração de neutrófilos para o local da inflamação. Utilizando a marcação de neutrófilos commateriais radioativos é pos- sível se observar a localização de processos infecciosos através do acúmulo progressivo dos leucócitos nas áreas de infecção ativa. (2) A quimiotaxia em infecções pode ser tão intensa a ponto de levar ao acúmulo de até 10% dos leucócitos circulantes, o que torna o exame bastante sensível para detecção de infecções em sítios em que não haja acúmulo fisiológico do traçador, como coração e tecidos periprotéticos. INTRODUÇÃO Amedicina nuclear é uma especialidade médica que utiliza pequenas quantida- des de materiais radioativos para realizar exames diagnósticos e tratamentos. Os fármacos empregados na medicina nuclear frequentemente conjugam um elemento radioativo (radionuclídeo) e um ligante que traz a afinidade farmacêutica, sendo o conjunto denominado de radiofármaco. Este uso de fontes radioativas não seladas permite oferecer de modo seletivo radiação a células e tecidos, que de acordo com o tipo de emissão radioativa do radiofármaco pode determinar propriedades diagnósticas ou terapêuticas, com mínima toxicidade. Utilizando radiofármacos com diferentes características fisiológicas, a medicina nuclear é capaz de detectar processos a nível molecular antes de serem observadas alterações estruturais em outros exames de imagem convencionais como a tomografia computadorizada e a ressonância mag- nética. A utilização da medicina nuclear tem apresentado um crescimento expo- nencial na área das doenças infecciosas e inflamatórias, especialmente em virtude de dois exames: 1) a tomografia por emis- são de pósitrons (PET, do inglês, positron emission tomography ) com 18F-FDG (FDG = fluoredesoxiglicose), que permite a ava- liação metabólica dos tecidos e células com precisão ímpar, e 2) a cintilografia com leucócitos marcados, que emprega a mar- cação dos leucócitos do próprio paciente para identificação do sítio infeccioso em

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2