Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

122 Fundamentos do diagnóstico e tratamento da gravidez molar Vanessa Campos et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.113-130, abr-jun 2022 miomatosa. Se a suspeita de gravidez mo- lar e feto coexistente persistir, a US deve investigar a presença de malformações congênitas que favorecem o diagnóstico de MHP. Nos casos de fetos semmalformações aparentes, o estudo de seu cariótipo é man- datório a fim de excluir-se triploidia. Em casos de diploidia, seguimento pré-natal rigoroso pode ser instituído, incluindo-se radiografia de tórax na gestante a fim de afastar metástases pulmonares. Ausentes anomalias fetais e metástases, a gravidez pode prosseguir, embora deva a paciente ser avisada da maior incidência de complica- ções (sangramento, parto pré-termo, pré-e- clampsia), assim como do risco aumentado de doença trofoblástica pós-molar depois do esvaziamento ou do parto. O seguimento molar, visto adiante, é o mesmo da mola isolada e a placenta deve ser examinada histologicamente. (65,66) TRATAMENTO DA GRAVIDEZ MOLAR Uma vez identificadas as pacientes com suspeita de DTG, elas deverão ser encami- nhadas para Centro de Referência emDTG, onde serão submetidas ao esvaziamento uterino da mola hidatiforme. No Estado do Rio de Janeiro estão vinculados à Sociedade Brasileira de Doença Trofoblástica Gesta- cional e reconhecidos pelo Ministério da Saúde do Brasil os serviços da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Hospital Universitário Antonio Pedro da Universidade Federal Fluminense. Estudos demonstram que pacientes acom- panhadas nos Centros de Referência têm dez vezes menor morbidade e mortalidade: melhor controle dos sintomas clínicos da mola, menores complicações cirúrgicas do esvaziamento uterino, início mais precoce e oportuno da quimioterapia para o trata- mento de NTG e, por isso, cursam comme- nores escores de risco, quimiorresistência e ocorrência de metástase. É visto também que metástases ocorrem com menor fre- quência nos Centros de Referência do que em outras instituições. (21,67,68) Na avaliação inicial dessas pacientes no CR, além de anamnese minuciosa e exame físico completo, são recomendados os seguintes exames pré-operatórios: tipo sanguíneo, fator Rh (aplicar imunoglobu- lina anti-Rh nas pacientes que forem Du negativo), hemograma completo, AST, ALT, EAS, raio X de tórax, hCG. Pacientes com fundo-de-útero maior que 16 centímetros devem ter avaliados ainda os níveis de TSH e T 4 livre a fim de diagnosticar hipertireoi- dismo e eletrocardiograma para avaliar a função cardíaca. Reserva de concentrados de hemácias deve ser feita para todos os casos. Salienta-se que estão proscritos os métodos de esvaziamento uterino por prostaglandinas ou ocitocina, incrimina- das em aumentar o risco de embolização trofoblástica. A vácuo-aspiração elétrica, como mostra a Figura 8, é o método de escolha, quando comparada à curetagem uterina, indepen- dente do volume uterino, para pacientes

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