Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

115 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.113-130, abr-jun 2022 Fundamentos do diagnóstico e tratamento da gravidez molar Vanessa Campos et al. Já a MHP é uma triploidia diândrica (Figura 2). Pelo geral, origina-se da fer- tilização de um oócito, que conserva seu material genético, por dois espermatozoi- des haploides ou, menos comumente, por um espermatozoide diploide, gerando um ovo 69,XXX, 69,XXY ou, mais raramente, 69,XYY. São excepcionais os casos de MHP tetraploides ou em mosaico. (14-16) EPIDEMIOLOGIA É incerta a epidemiologia da gravidez molar. (3,17) No Brasil, por não ser doença de notificação compulsória e, para além, em não sendo o produto conceptual oriundo de abortamentos sistematicamente enviado para patologia, sua estimativa remonta aos Centros de Referência (CR) devotados ao tratamento dessa doença. Contudo, con- quanto a gravidez molar parece acometer 1:2000mulheres que engravidamna Europa e 1:1000 gestantes nos Estados Unidos, aventa-se ser moléstia mais comum no Bra- sil e no Sudeste Asiático, quando tumultua cerca de 1:200-400 gestações. (18-21) Consigna-se como os dois principais fatores de risco para ocorrência da gravidez molar a gestação nos extremos reproduti- vos e a história obstétrica anterior desse trofoblastoma. (22) Ainda que a grande maioria das ges- tações molares ocorra em mulheres entre 19 e 34 anos, esse risco encorpa-se entre adolescentes e mulheres com idade materna avançada. (23-26) O risco de desenvolver MHC em uma população de mulheres em idade fértil é quase duas vezes para mulheres com menos de 21 anos e mais de 35 anos, e 7,5 vezes maior para mulheres com mais de 40 anos, sugerindo um risco aumentado de gametogênese anormal e fertilização do oócito nos extremos de idade reprodutiva, por imaturidade reprodutiva ou senescên- cia ovular. (27-30) Com relação ao antecedente de gra- videz molar, estudos americanos e britâ- nicos relataram que mulheres com esse comemorativo obstétrico têm 1% a 2% de risco de recorrência molar em gestações subsequentes, em comparação com uma incidência de 0,1% na população geral. A taxa de recorrência é muito maior após duas gestações molares (16% a 28%). (17) Após duas gestações molares, o risco de uma terceira mola hidatiforme é de 15% a 20%, (31-33) e o risco não diminui com a mudança de parceiro. (34) Além disso, essas Figura 2 Macroscopia da mola hidatiforme parcial tardia, com feto apresentando importantes malformações.

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