Publicação científica trimestral do CREMERJ

106 Febre de origem obscura em portador de Neurofibromatose tipo 1 e doença de Crohn José Galvão-Alves et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.102-111, jan-mar 2022 de mucosa compatível com seu diagnóstico e boa resposta terapêutica. Mucosa ileal apresentando melhora de atividade infla- matória acentuada (vários pseudopólipos e nodularidade), mas que no momento se encontrava em remissão (Figuras 8 a 11). Biópsia e histologia confirmam o achado macroscópico. Seguiu em vigilância clínica, assintomático. Após um ano em uso de biológico e periodicamente avaliado, paciente retor- na ao serviço queixando-se de febre alta persistente (39ºC), astenia, hiporexia, e apresentando queda do estado geral com hipotensão, taquicardia e confusão mental, sinais compatíveis com provável sepse. Suspenso biológico, iniciadas medidas de ressuscitação volêmica, colhidas he- moculturas, aplicada primeira dose de antibiótico empiricamente (meropenem). Solicitado rastreio infeccioso, sérico e de imagem, que detectou infecção vigente, porém tomografias de crânio, seios da face, tórax e abdome dentro dos limites da normalidade para o paciente. Ecocardio- grafia transesofágica sem anormalidades. Frente ao quadro infeccioso de origem desconhecida, se interrogava se haveria recidiva da doença de Crohn ou uma nova situação clínica. Foi solicitada uma cin- tilografia com leucócitos marcados, que localizou o foco como sendo a ponta do cateter de derivação ventrículo-peritoneal (Figuras 12 e 13). Cateter foi então subs- tituído cirurgicamente e o paciente rea- giu bem ao tratamento, se restabelecendo prontamente. Hemoculturas já colhidas mostraram-se positivas, com identifica- ção de Escherichia coli nas três amostras. Figuras 8 a 11 A . Íleo proximal com leve aplanamento B . Íleo com aplanamento e nodularidade C . Íleo com aplanamento e modularidade D . Ceco e válvula “pseudopolipoide” A B C D Figura 12 As imagens cintilográficas demonstram acúmulo do radiotraçador e em região temporal esquerda e na região abdominal em hipogástrio e flanco esquerdo na projeção da derivação ventrículo-peritoneal. Nos demais sítios corporais demonstram acúmulo e eliminação do radiotraçador pelos seus sítios de biodistribuição fisiológicos.

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