Publicação científica trimestral do CREMERJ

86 Varicela e herpes-zóster Omar Lupi Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.84-91, jan-mar 2022 que são denominadas de aberrantes. São comuns queixas como dor profunda em pontada ou queimação. Pode haver sensibi- lidade aumentada ao tato, à movimentação do ar e à mudança de temperatura. Sensa- ções parestésicas de prurido e dormência. Em alguns casos, observa-se fraqueza e paralisia muscular. Quando o acometi- mento compromete o ramo oftálmico do V par craniano (nervo trigêmeo), ocorrem lesões vesiculosas na ponta nasal (sinal de Hutchinson), que indica agressão ao ramo nasociliar, podendo levar a complicações oculares sérias, como denervação da córnea e consequente cegueira. Geralmente, os sintomas precedem em alguns dias (7 a 14 dias) a erupção cutânea, porém existem casos em que não ocorrem essas lesões ( zoster sine herpes ), o que dificulta o diagnóstico. A NPH é a mais indesejada e a princi- pal complicação do HZ: ocorre em 10% a 20% dos casos, commaior risco a partir da quinta década de vida. REGIÕES ACOMETIDAS O padrão anatômico segue uma distri- buição periférica nos trajetos dos nervos envolvidos, normalmente é unilateral, cir- cunscrito a um dermátomo. No entanto, pode envolver dois ou mais. Ocorre pre- dominância no tórax em 55% dos casos, 20% em região craniocervical, sendo que o acometimento do V par craniano representa 15%, região lombar em 20% e sacral, 5%. INCIDÊNCIA De 0,5% a 1% na população geral, sendo 75% dos casos em pessoas com mais de 50 anos. Raro acontecer na faixa inferior a 15 anos e 2% podem apresentar um se- gundo episódio. Os portadores de AIDS possuem um risco 15 vezes maior de desenvolver o HZ. Transplantados de medula óssea podem apresentar incidência de 30% dos casos de HZ no primeiro ano e 45% dos acometidos podem sofrer disseminação cutânea ou visceral, com uma taxa de mortalidade em torno de 10%. Deve-se estar sempre atento, pois acima das quinta e sexta décadas de vida pode tratar-se de uma manifestação paraneo- plásica; e não é raro o acometimento de pacientes em tratamento quimioterápico, sendo que, neste caso, a manifestação pode ser do tipo zoster sine herpes , na qual o paciente queixa-se somente de uma neu- ralgia segmentar, e o diagnóstico difícil e protelado pode levar à instalação de uma desagradável NPH. DIAGNÓSTICO É essencialmente clínico, porém po- demos utilizar o laboratório para casos atípicos. 1. Citodiagnóstico de Tzanck: presença de células gigantes multinucleadas com núcleos com aspecto de vidro despolido. 2. Biópsia cutânea.

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