Publicação científica trimestral do CREMERJ
71 Infecções do trato urinário na mulher Francisco J. B. Sampaio et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.70-76, jan-mar 2022 DIAGNÓSTICO A cistite é definida como a infecção do trato urinário inferior com sintomas típicos. A infecção não complicada do trato urinário baixo é queixa frequente de mulheres que procuram o atendimento de urgência, e a segurança na avaliação do quadro clínico, através da história e exame físico, será fundamental no tratamento da cistite aguda não complicada. A pielonefrite é sugerida por febre (> 38°C), calafrios, dor no flanco (punho-percussão positiva), náusea, vô- mitos, com ou sem os sintomas típicos de cistite, e podem evoluir com complicações importantes, como formação de abscesso renal e sepse grave. (2) A inclusão de testes diagnósticos poderá auxiliar, aumentando a segurança no diagnóstico. Em relação à sintomatologia, a disú- ria, polaciúria com urgência miccional e dor suprapúbica compõem a tríade mais frequente da cistite nas mulheres. Tais achados se correlacionam tão intimamente ao diagnóstico de cistite que, em geral, baseado somente em parâmetros clínicos (probabilidade pré-teste) temos a possi- bilidade de confirmação do diagnóstico. Somando a esses fatores, a ausência de sintomas vaginais (corrimento) eleva a probabilidade de estarmos frente a um quadro infeccioso. Sempre que possível, o ideal é colher urina para avaliação de elementos anormais e sedimento e cultura com antibiograma, antes de iniciar o tratamento. hospedeiro. A principal via de infecção é a ascendente, a partir do acesso retrógrado das bactérias pela uretra até a bexiga. A aderência da bactéria ao urotélio é im- portante mecanismo para o início de um quadro infeccioso, sendo a maioria dos casos causada por bactérias anaeróbias facultativas da flora intestinal. A E. coli é a causa mais comum de ITU, sendo res- ponsável por 85% das infecções adquiri- das na comunidade e 50% das infecções adquiridas em hospitais. Outras bacté- rias como P. mirabilis , Klebsiella sp., E. faecalis e Staphylococcus saprophyticus aparecem também com frequência nas in- fecções adquiridas na comunidade. Infec- ções nosocomiais são causadas por E. coli , Klebsiella , Enterobacter , Citrobacter , Serra- tia , Pseudomonas aeruginosa , Providencia , E. faecalis e S. epidermidis . Resumimos a seguir as principais condições que deixam um paciente suscetível à ITU. Fatores de risco do hospedeiro: Obstrução urinária Mal esvaziamento urinário por falta de contração da bexiga (principalmente em idosas) Refluxo vesicoureteral Diabetes Necrose papilar renal HIV Gestação Distúrbios miccionais
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