Publicação científica trimestral do CREMERJ

72 Infecções do trato urinário na mulher Francisco J. B. Sampaio et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.70-76, jan-mar 2022 ANÁLISE DA URINA E URINOCULTURA O diagnóstico complementar da ITU é feito inicialmente por análise da urina e é confirmado por uma cultura. Resultados fal- sos negativos podemocorrer particularmen- te no início do quadro, quando o número de bactérias e leucócitos são baixos, ou diluídos pelo aumento da ingestão de líquidos e diu- rese. É importante reduzir a possibilidade de contaminação bacteriana, coletando a urina após cuidadosa higiene local da vulva. Piúria e hematúria são indicadores de um quadro inflamatório/infeccioso. A presença de bactérias temuma sensibilidade para ITU de 40% a 70%, e uma especificidade de 85% a 95%. Outro dado importante é a presença de esterase leucocitária e nitrito positivos. A combinação destes dois achados possui uma sensibilidade de 71% e especificidade de 83%, devendo ser fatores observados durante a análise. Na urinocultura, em pacientes sintomáticos, um crescimento acima de 10 2 unidades formadoras de colônias (UFC) é considerado positivo. A urinocultura deve ser realizada caso haja suspeita de pielonefrite aguda, sin- tomas refratários ao tratamento habitual, sintomas atípicos e em gestantes. Os exames de imagem em geral não são necessários nas cistites não complicadas. Nesse contexto, a diferenciação entre cistite complicada e não complicada é vital devido aos aspectos relacionados à evolução clínica, necessidade de exames comple- mentares e definição da melhor proposta terapêutica. Consideramos complicada a cistite que ocorre em pacientes com al- teração funcional ou estrutural do trato urinário ou com doenças que predispõem à infecção do trato urinário, como diabetes mellitus ou AIDS. O uso de dispositivos urinários (por exemplo, cateter vesical de demora), transplante renal e gravidez tam- bém são considerados critérios importantes na definição da ITU complicada. De forma prática, a ocorrência de ITU em qualquer paciente que não seja jovem, saudável e não grávida, e não adquirida na comunidade, deve ser considerada cistite potencialmente complicada. As pielonefrites também po- dem ser divididas em complicadas ou não complicadas. A pielonefrite não complica- da é definida como pielonefrite limitada a mulheres não grávidas, na pré-menopausa, sem anormalidades urológicas ou comor- bidades relevantes conhecidas. Exames de imagem Estão sempre indicados nas ITU com- plicadas ou recorrentes. Seguindo esse raciocínio, as mulheres realizarão exames de imagem quando tiverem fatores compli- cadores. A seguir, trazemos uma lista com as principais indicações: ƒ Obstrução ureteral suspeita ƒ História de cálculos urinários ƒ Suspeita de necrose papilar (anemia falciforme) ƒ Diabetes mellitus não tratado, abuso de analgésico

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2