Publicação científica trimestral do CREMERJ
64 Cirrose hepática – abordagem diagnóstica e terapêutica Carlos Eduardo Brandão Mello Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.59-69, jan-mar 2022 anamnese cuidadosa e o interrogatório clí- nico concernente ao tempo de uso e o empre- go de fármacos e drogas ilícitas injetáveis ou inalatórias. Tipicamente, o quadro clínico é variável, refletindo o amplo espectro de apresentação das doenças hepatobiliares. Na maioria das vezes as hepatites induzidas por fármacos apresentam-se sob a forma de hepatite aguda ou crônica ou sob a forma de síndrome colestática, com icterícia e prurido. Com a interrupção dos fármacos, a remissão clínica é o desfecho habitual. Destaca-se neste grupo as hepatites induzidas por isoniazida, anti-inflama- tórios não esteroidais, estrógenos, sulfas, hidralazina, metotrexato e alfa-metildopa e antibióticos à base de clavulanato, dentre outros fármacos. Nas cirroses de origemmetabólica é de fundamental importância o diagnóstico da sobrecarga férrica, com a determinação do ferro, da ferritina e a saturação da trans- ferrina nos casos de hemocromatose, bem como a pesquisa das mutações do gene HFE (C282Y e H63D). Na sobrecarga de cobre (doença de Wilson) é importante a determinação da ceruloplasmina e do cobre sérico e urinário, juntamente com a pesquisa do anel de Kayser-Fleischer por biomicroscopia e lâmpada de fenda. Recentemente, têm-se avolumado na prática clínica os casos de cirrose cripto- gênica, de natureza metabólica, principal- mente relacionada a doença gordurosa não alcoólica do fígado, secundária à doença metabólica (MAFLD ou NAFLD). (1-5) AVALIAÇÃO POR IMAGEM E ENDOSCÓPICA Os métodos de imagem, como ultrasso- nografia, tomografia e ressonância mag- nética do abdome, se prestam para o diag- nóstico e prognóstico das doenças crônicas do fígado, principalmente nas suas formas avançadas e progressivas para cirrose. Todos conseguem, com maior ou menor sensibilidade, caracterizar o tamanho, o contorno e a superfície do fígado, descre- vendo a presença ou não de lesões focais suspeitas, como o carcinoma hepatocelular, além de se prestarem ao estudo da síndrome da hipertensão portal, através da carac- terização de esplenomegalia, circulação colateral e ascite. (6-8) Mais recentemente, nos principais cen- tros europeus, foi incorporada a avaliação indireta do grau de fibrose por métodos la- boratoriais (APRI, Fibrotest, dentre outros) e de elastografia hepática (Fibroscan) aco- plada ao ultrassom (ARFI, ShearWave). (6-10) De igual modo, a avaliação endoscópica serve para a confirmação diagnóstica da síndrome de hipertensão portal, através da identificação de varizes esôfago-gástricas, gastropatia congestiva, como para a avalia- ção prognóstica de sangramento varicoso e não varicoso. Também, com o intuito de avaliar o grau de hipertensão portal e de predizer a progressão da doença hepática crônica tem-se utilizado em centros de excelência a determinação do gradiente de pressão da
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