Publicação científica trimestral do CREMERJ

80 Diagnóstico e terapêutica dos Transtornos de Ansiedade Laiana A. Quagliato, Antonio E. Nardi Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.77-83, jan-mar 2022 evidências mostram que os níveis plas- máticos do neurotransmissor serotonina está reduzido nos diversos transtornos de ansiedade. (9,11) Sabe-se, ainda, que a neurocircuitária do medo está alterada em indivíduos ansio- sos. (12-14) Pessoas com ansiedade interpretam estímulos neutros como situações ameaça- doras. (14) Para avaliar uma situação como perigosa e gerar uma resposta semelhante à ansiedade, um indivíduo deve primeiro detectar estímulos ambientais através dos sistemas sensoriais e, em seguida, identifi- cá-los como potencialmente ameaçadores. (14) As ações de circuitos neurais distribuídos que emergem da amígdala, núcleo leito da estria terminal, hipocampo ventral e córtex pré-frontal medial resultam na interpre- tação e avaliação do valor emocional dos estímulos ambientais. (15,16) Se tais estímulos são identificados como ameaçadores com base nessa avaliação, o indivíduo pode apresentar sintomas ansiosos, como ta- quicardia e dispneia, por exemplo, a partir do recrutamento do tronco cerebral e de núcleos hipotalâmicos. (5,16) TRATAMENTO Vários tratamentos psicológicos e far- macológicos estão disponíveis para o ge- renciamento dos sintomas de ansiedade, mas devido às baixas taxas de detecção destas condições a maior parte dos pa- cientes com transtornos de ansiedade não recebe tratamento adequado. Evidências indicam um benefício da combinação de psicoterapia (principalmente da linha te- rapia cognitiva comportamental) e far- macoterapia em comparação com o uso de farmacoterapia ou psicoterapia isoladas em adultos. (17) Um fluxograma que ilustra o tratamento dos transtornos de ansiedade encontra-se na Figura 1. Os antidepressivos e benzodiazepínicos são considerados os medicamentos farma- cológicos de primeira linha para o trata- mento dos transtornos de ansiedade. (17) Os antidepressivos com maior eficácia para o tratamento de transtorno de ansiedade são inibidores seletivos da recaptação de serotonina e inibidores de recaptação da serotonina e noradrenalina. (17) O tratamento com esses fármacos é comumente associado com efeitos adversos, principalmente nos primeiros 14 dias de tratamento, incluindo diarreia, desconforto gastrointestinal, piora da ansiedade no início do tratamento, al- terações sexuais, insônia e dor de cabeça, entre outros. (18) Já os benzodiazepínicos têm como grande vantagem combater a ansiedade imediatamente, eliminando ra- pidamente os sintomas dos pacientes. (18) Entretanto, preocupações com possíveis abusos e dependência podem limitar o uso de benzodiazepínicos, e esses medicamentos devem ser usados ​com cautela em pessoas com histórico de abuso de álcool ou outras substâncias. (18) Efeitos adversos associados ao tratamento combenzodiazepínicos inclui sonolência, tontura e, particularmente em idosos, aumento do risco de queda. (18)

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