Publicação científica trimestral do CREMERJ

68 Cirrose hepática – abordagem diagnóstica e terapêutica Carlos Eduardo Brandão Mello Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.59-69, jan-mar 2022 AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA A avaliação histológica do paciente com doença hepática crônica é fundamental para o diagnóstico acurado da condição e de sua etiologia, determinando-se através de sua leitura e interpretação o grau de atividade necroinflamatória e o estágio de fibrose. Várias classificações recen- tes foram incorporadas ao conhecimento médico, como as descritas por Ishak e colaboradores e pela escola francesa de Bedossa e colaboradores (Metavir). Num passado remoto, as hepatites crô- nicas eram divididas em persistente e ativa, na dependência da integridade da lâmina limitante entre o espaço portal e o parên- quima hepático, e a cirrose hepática pela identificação do binômio fibrose mais nó- dulo de regeneração. (1-4) A análise em conjunto das informa- ções clínicas, bioquímicas e histológicas obtidas permite, em última análise, a de- terminação da gravidade da cirrose, seu prognóstico e planejamento terapêutico. Na quase maioria dos casos, o diagnóstico de cirrose hepática prescinde da realização da biópsia hepática, principalmente nos quadros avançados, em que a presença de ascite, icterícia, sinais periféricos de insuficiência hepatocelular, como eritema palmar, telangiectasias, ginecomastia e de hipertensão portal, como esplenomegalia, varizes de esôfago e circulação colateral, denunciam a presença da doença. Em situações muito particulares, a bióp- sia hepática pode ser útil quando da melhor caracterização etiológica, como nos casos de doenças autoimunes emetabólicas, como ahe- mocromatose, doença deWilson eNASH. (1-5) Em resumo, a cirrose hepática conti- nua sendo um imenso desafio para clíni- cos, gastroenterologistas e hepatologistas, importante causa de morbimortalidade, de etiologias as mais variadas possíveis, destacando-se as causas virais, alcoólica e metabólica. A avaliação clínica e labora- torial cuidadosa e o emprego de medidas de diagnóstico endoscópico, por imagem e histológica ainda requerem atenção por parte dos médicos, assim como o seumanejo terapêutico farmacológico e endoscópico. Figura 3 Varizes esofagianas: Procedimento de ligadura elástica

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2