Publicação científica trimestral do CREMERJ

27 Tratamento do diabetes tipo 2: tendências atuais Alessandra Saldanha de Mattos Matheus Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.25-44, jan-mar 2022 grupo controle não mostrou benefício na redução do risco cardiovascular (RCV) ao longo dos 9,6 anos de follow up , no entanto houve melhora significativa na performance física, mobilidade, redução dos índices de depressão e de apneia do sono e melhora na qualidade de vida. Na análise post hoc , as pessoas no grupo intensivo que perderam >=10% do peso corporal apresentaram uma redução de risco de 20% no endpoint cardiovascular – morte cardiovascular, infarto agudo do miocárdio (IAM) não fatal, acidente vascu- lar cerebral (AVC) não fatal e internação por angina – quando comparadas com o grupo controle (p valor = 0,039). (11) TERAPIA MEDICAMENTOSA PARA O TRATAMENTO DO DIABETES TIPO 2 Além da terapia não medicamentosa, a terapia medicamentosa encontra-se indi- cada, desde o diagnóstico, para todos os pacientes com DM2. Há, na atualidade, uma diversidade de fármacos disponíveis para o adequa- do controle metabólico. De acordo com as principais alterações encontradas na fisiopatologia do DM2, podemos classifi- cá-los quanto ao seu mecanismo de ação em (Tabela 1): ƒ Sensibilizadores de insulina (metfor- mina e pioglitazona) – não aumentam a secreção de insulina, mas melhoram a sensibilidade da insulina. ƒ Secretagogos de insulina (sulfonilureias e metiglinidas) – aumentam a secreção de insulina. ƒ Inibidores da absorção intestinal de gli- cose (acarbose) – retardam a absorção de glicose intestinal. ƒ Incretinomiméticos – análogos do Glu- cagon like peptide- 1 (GLP-1) e inibi- dores da dipeptidil dipeptidase tipo 4 (DPP-IV) – aumentam a secreção de insulina dependente da glicose (efeito incretínico) e promovem a supressão do glucagon. ƒ Glicosúricos – Inibidores do cotrans- portador de sódio-glicose renal, do in- glês sodium-glucose cotransporter type 2 (SGLT-2) – promovem glicosúria, di- minuindo sua reabsorção renal. 1) Metformina Mecanismo de ação A metformina é a única biguanida em uso clínico e a medicação antidiabética mais antiga, cuja experiência, eficácia e segurança são bem conhecidas. (12) Atua reduzindo a glicemia pré e pós-prandial, diminuindo a gliconeogênese e glicogenóli- se hepática e absorção intestinal de glicose, melhorando a sensibilidade periférica à insulina, aumentando a captação de glicose. Dessa forma, reduz a resistência insulíni- ca hepática, aumenta os níveis endógenos do GLP-1 e modula a flora da microbiota intestinal. (13,14) (Tabela 1)

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