PSIQUIATRIA: A REALIDADE DA ASSISTÊNCIA - COMPLETO

Em função dos problemas descritos acima, a admissão de pacientes psiquiátricos em um hospital geral exigiria instalações e equipe especiais para garantir a segurança e a tranqüilidade no hospital. Levando-se em conta os dois grupos de fatores acima, entende-se bem porque os leitos em UPHGs não conseguiram até hoje chegar à marca inicial de 5% do total de leitos psiquiátricos. Numa época em que se busca eficácia e lucro, a perspectiva não é otimista para as UPHGs, porque em relação a pacientes clínicos e cirúrgicos, o paciente psiquiátrico não é um bom meio para sucessos e lucro; ao contrário disso, ele pode ser um fator de diminuição dos lucros do hospital. A organização dos serviços, o fluxo da demanda e o acompanhamento dos casos são fundamentais para o tratamento e a manutenção dos pacientes na comunidade. Quando se falha em tais cuidados, o paciente se perde numa rede de atendimentos mal articulados e insuficientes, sem conseguir ser tratado e visto adequadamente. Casos que poderiam ser resolvidos muitas vezes pelo clínico geral, passam por vários especialistas em função da falta de treinamento adequado destes profissionais para detectar problemas mais leves de distúrbios mentais. Neste sentido, o treinamento e capacitação de profissionais da atenção básica é de grande importância, principalmente em municípios de baixa densidade populacional. A taxa de recursos humanos dos serviços de saúde mental por 100.000 habitantes nos diferentes municípios é exibido na Tabela 15 . Na Tabela 16 vemos a distribuição de serviços substitutivos emcada município. Podemos verificar que a distribuição de recursos humanos é bastante heterogênea entre as cidades. As taxas para os psiquiatras das diferentes cidades variam entre 0,5 em Bom Jesus de Itabapoana, a 18,4 em Paracambi. Esta é a cidade com a maior concentração de psiquiatras e psicólogos, com taxas de 18,4 e 52,9 por 100.000 para psiquiatras e psicólogos, respectivamente. Na realidade, o Programa de Saúde Mental deste município está voltado para atender os egressos do Hospital Dr. Eiras, sob intervenção municipal desde junho de 2004 e em processo de desativação. Atualmente o município conta com 1267 pacientes ativos cadastrados em serviços substitutivos da cidade. Há 1 CAPS II, 1 CAPS AD, 1 ambulatório de Saúde Mental, 21 Residências Terapêuticas com 148 moradores (7 módulos de 44 pacientes) e 135 inscritos no Programa de Volta Para Casa e 10 leitos psiquiátricos em Hospital Geral - Hospital Municipal Alberto da Graça. Como Paracambi possui apenas 43.467 habitantes, apresenta uma das maiores taxas de serviços disponíveis. Interessante observar que Paracambi está muito acima das taxas de profissionais de Saúde Mental na Itália em 2005 ( Tabela 17 ), próxima da taxa da França (2005) e mais distante das taxas de inúmeras cidades do mesmo Estado, tais como do Rio de Janeiro. Rio Bonito, outra cidade que possui dois hospitais psiquiátricos - Hospital Colônia de Rio Bonito e Clínica Egos (Tanguá), tem 1 CAPS I e 1 ambulatório, tem menor concentração de psiquiatras do que a Itália, porém a segunda maior taxa de psicólogos encontrada, sendo cerca de 10 vezes maior que a da Itália e 6 vezes a da França. Aliás esta é a categoria profissional com maior taxa observada no estudo, chegando a ser no Município de Paracambi, por exemplo, 17 vezes maior que a da Itália. 56

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