PSIQUIATRIA: A REALIDADE DA ASSISTÊNCIA - RESUMIDO

no país. Nos últimos 5 anos o percentual de internações em UPHGs em relação ao total de internações em leitos de hospitais psiquiátricos se manteve constante, representando apenas 3% das internações psiquiátricas no país. Portanto o país não se beneficiou deste excelente recurso para substituir com sucesso os hospitais psiquiátricos, e esses últimos continuam sendo praticamente a única alternativa para os momentos de crise. As principais explicações para a lentidão do crescimento do número de UPHGs são: - A organização assistencial em torno da internação psiquiátrica favorece a manutenção do hospital psiquiátrico com grande número de leitos. Esse modelo torna a assistência mais barata, sendo assim um meio de conter custos. A diária magra leva os pequenos serviços (UPHGs, micro-clínicas) a fecharem suas portas ou, no caso das UPHGs, a não abri-las. Ao mesmo tempo, todos, inclusive os dirigentes, criticam o macro- hospital; este, contraditoriamente, continua prestando tacitamente seus serviços, como requer omodelo. - A resistência da equipe dos hospitais gerais em aceitar o paciente psiquiátrico, a qual se deve principalmente ao preconceito em relação aos transtornos mentais, como foi constatado em nosso meio por Tavares (1997). Segundo esse autor, as causas da referida resistência são as seguintes: - Transtornos na enfermaria - os pacientes psiquiátricos seriam agitados e provocariam transtornos, ameaçando a tranqüilidade das enfermarias. - Medo do doente mental - o paciente psiquiátrico seria naturalmente agressivo, representando uma ameaça para os outros pacientes e para a equipe. - Preocupações em relação a suicídio, agitação e agressão - o paciente psiquiátrico representaria uma grande responsabilidade para a equipe pela imprevisibilidade de seu comportamento. - Falta de verba para manter equipe especializada e instalações apropriadas. Em função dos problemas descritos acima, a admissão de pacientes psiquiátricos em um hospital geral exigiria instalações e equipe especiais para garantir a segurança e a tranqüilidade no hospital. Levando-se em conta os dois grupos de fatores acima, entende-se bem porque os leitos em UPHGs não conseguiram até hoje chegar à marca inicial de 5% do total de leitos psiquiátricos. Numa época em que se busca eficácia e lucro, a perspectiva não é otimista para as UPHGs, porque em relação a pacientes clínicos e cirúrgicos, o paciente psiquiátrico não é um bom meio para sucessos e lucro; ao contrário disso, ele pode ser um fator de diminuição dos lucros do hospital. A organização dos serviços, o fluxo da demanda e o acompanhamento dos casos são fundamentais para o tratamento e a manutenção dos pacientes na comunidade. Quando se falha em tais cuidados, o paciente se perde numa rede de atendimentos mal articulados e insuficientes, sem conseguir ser tratado e visto adequadamente. Casos que poderiam ser resolvidos muitas vezes pelo clínico geral, passam por vários especialistas em função da falta de treinamento adequado destes profissionais para detectar problemas mais leves de distúrbios mentais. Neste sentido, o treinamento e capacitação de profissionais da atenção 46

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