PSIQUIATRIA: A REALIDADE DA ASSISTÊNCIA - RESUMIDO

suficiente. O número de ambulatórios em vez de ser aumentado, na realidade vem diminuindo. Hoje, a realidade que vemos nos ambulatórios ainda são filas de espera e um atendimento massificado, com longo intervalo entre as consultas. É importante destacar que, sem um tratamento ambulatorial efetivo, é muito difícil evitar internações. O que acontece é que os pacientes, por não teremacompanhamento ambulatorial quando recebem alta do hospital, acabam se reinternando. As alternativas de atendimento na comunidade, como os CAPS, são importantes, porém não substituem o atendimento psicoterápico ambulatorial individual e em grupo. O acompanhamento individualizado de cada paciente é indispensável paramanter o pacientes na comunidade e manter o vínculo como tratamento. Outra questão relevante diz respeito à redução do percentual dos recursos em saúde investido em saúde mental nos últimos 5 anos em todo o Brasil, incluindo a Região Sudeste. Podemos observar que esta redução se deu em função de que os recursos, antes utilizados em internações, não foram transferidos para equipamentos extra-hospitalares. De acordo com a política nacional de saúde mental, os Centros de Atenção Psicossociais são considerados dispositivos estratégicos no processo de mudança de modelo, e tem como uma das funções principais regular a porta de entrada da rede de assistência à saúde mental. Apesar de sua importância na reforma no modelo de assistência, mais que a metade dos municípios deste Estado ainda não têm este serviço, e mesmo nos que têm, a distribuição é bastante desigual. Cidades com menos de 20.000 habitantes deveriam contar principalmente com a rede básica e programa de saúde da família. O Estado do Rio de Janeiro teve e ainda tem na sua área hospitais de grande porte. A desinstitucionalização destes pacientes, a maioria vivendo há muitos anos no hospital e com pouco ou nenhum vínculo social exige a presença de dispositivos que garantam programas de reinserção psicossocial e muitas vezes Programas de Residências Terapêuticas. A distribuição dos Serviços Residenciais Terapêuticos no Estado ainda é bastante reduzida. Observamos, também, que o número de pacientes beneficiados com o Programa de Volta para Casa ainda é pequeno. O principal instrumento utilizado nos países desenvolvidos para possibilitar o processo de desinstitucionalização foram as Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais (UPHGs). Seria utópico pensar que nenhum dos pacientes tratados nos ambulatórios e postos de saúde precisaria ser internado. Nas UPHGs, os pacientes não só ficam menos estigmatizados, como têm um acesso mais fácil e imediato a outras especialidades no caso de intercorrências clínicas. As UPHGs seguem a dinâmica do hospital geral – diagnóstico e tratamento imediatos, com alta logo a seguir; essa dinâmica é muito diferente da do hospital psiquiátrico – onde o indivíduo tende a ficar internado por períodos mais longos, pois este é encarado como um locus natural do paciente. No Brasil, a partir da década de 80 observamos um número maior de UPHGs, sendo que 1/3 delas foram criadas na década de 90, atingindo um total de 81 UPHGs em todo o país em 1996, com 27 delas em serviços públicos, 18 em universidades e 36 em serviços contratados. Entretanto, o surgimento de UPHGs substituiu apenas umpercentual muito pequeno do total de internações psiquiátricas 45

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