BIOÉTICA E MEDICINA

nossa maior preocupação, um efeito colateral e danoso do resultado de um teste preditivo. A segunda questão pode ser enunciada de outra forma. Se nestas mulheres, com resultado negativo, o teste em quase nada mudou suas vidas, nas outras a questão assume outra configuração. O teste apenas indica, se positivo, a chance de que venham a ter câncer de mama e/ou ovário. Se negativo, não quer dizer tudo sobre não haver risco, porque pode existir outra mutação não pesquisada ou ainda não descoberta. Pode também, como nos casos negativos desta amostra, o risco ser o mesmo que o da população em geral, cerca de 10%. Outros fatores ambientais e hábitos intervêm, mas se positivo, as chances aumentam consideravelmente. Estão “marcadas para morrer”, como disse uma entrevistada? Quer dizer, sem escapatória? Que fazer? Tirar ou não as mamas, tirar ou não os ovários? Entretanto o resultado pode dar negativo e como o medo de dar positivo é muito grande, a negatividade poderá ser tomada como não estão “marcadas para morrer”, o que preocupa porque, neste caso, o teste pode ser visto como preventivo, isto é, não terão câncer. Esses exames são de difícil execução e sujeitos a interpretações e cálculos probabilísticos. Acresce-se a este fato, não se ter ainda bem estabelecida uma fiscalização rigorosa dos mesmos, como as já existentes em relação aos laboratórios de análises clínicas. Isto posto, julgamos necessário o estabelecimento de dez recomendações que por falta de espaço poderemos expor num segundo artigo. *Artigo publicado no Jornal do CREMERJ, ano XV, n. 137, p. 14, fev. 2002. 67

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