BIOÉTICA E MEDICINA

Eutanásia e distanásia: qual o compromisso com a vida? * Arnaldo Pineschi Conselheiro e Coordenador da Comissão de Bioética do CREMERJ. O tema eutanásia volta às manchetes mundiais após a formalização de sua prática pelo governo da Holanda. Abordaremos esse assunto, pela atualidade do mesmo, com algumas considerações, entendendo que a discussão que cabe é sobre a busca do entendimento do que caracteriza uma morte digna e sobre os meios éticos necessários para alcançar este fim. Nessa busca de compreensão é que procuramos descobrir com mais segurança aquilo que é bom, entender melhor aquilo que é fraqueza e desmascarar aquilo que émaldade. A fase terminal da vida exige ponderações tanto sobre quantidade como sobre qualidade de vida. Ponderações essas que tornam obrigatória uma abordagem dos três paradigmas atuais da prática médica: o paradigma tecnocientífico, o comercial empresarial e a da benignidade humanitária, cada qual com suas prioridades e estratégias. Aeutanásia e a distanásia têm em comum a preocupação com a morte do ser humano e a maneira mais apropriada para lidar com isso. Enquanto a eutanásia se preocupa com a qualidade de vida na sua fase final, eliminando o sofrimento e a dor, a distanásia se propõe a prolongar aomáximo a vida, combatendo amorte como o último adversário a ser derrotado. O paradigma tecnocientífico orgulha-se dos avanços conquistados. Porém esse orgulho pode transformar-se em arrogância e a morte deixar de ser desfecho natural da vida para ser um inimigo a ser vencido a qualquer custo ou um “fracasso” a ser escondido. Torna-se esse paradigma, dessamaneira, o embrião da distanásia. Sob o prisma comercial empresarial, que representa a modernidade ligada ao desenvolvimento tecnológico e científico, a análise repousa nos custos. E aqui o 45

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