BIOÉTICA E MEDICINA

39 Para Olinto Pegoraro, caberá à ética e à bioética defender que a informação genética seja prioridade absolutamente sigilosa de cada indivíduo, sem distinção de raça, sexo ou nacionalidade. As questões éticas só terão efeito prático se forem acompanhadas de medidas políticas efetivas. Para isto, será necessário e urgente estabelecer, a partir da concepção ética da vida, normas internacionais específicas de proteção ao uso positivo do genoma em benefício de toda a humanidade, coibindo, por exemplo, possíveis tendências eugênicas. - Longe de colocar restrições à ciência, a ética se esforça para interpretar positivamente as grandes novidades da tecnociência e integrá-las no contexto humano e de toda a natureza. Cabe recordar que a ética e as políticas públicas não visam limitar a criatividade e a inventividade dos cientistas. Pelo contrário, existem para amparar e garantir a liberdade de pesquisa - considerou. O cientista, continuou Olinto, não é apenas um pesquisador isolado. Antes de tudo ele é um cidadão, cuja liberdade e criatividade devem compatibilizar-se com as de todos os outros cidadãos. Não cabe ao cientista impor à sociedade suas invenções, mas o uso do produto científico deve ser decidido pela cidadania, através de normas elaboradas pelo poder político emplano nacional e internacional. Pegoraro enfatizou ainda que o anúncio do rascunho genético também apresenta umaspecto religioso. De acordo como professor, a decifração do genoma já não gera problemas de fé para as três grandes religiões monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. - No Século IV da era cristã, Santo Agostinho deu uma excelente interpretação ao feito científico de hoje. Ele disse que Deus poderia ter criado todas as coisas num só instante e ato, e ter colocado no fundo desta realidade inicial todas as potencialidades e virtualidades, que ao longo dos tempos, se desenvolveriam em seres vivos sensitivos e inteligentes - relatou. Somente agora, acrescentou Pegoraro, estamos “lendo” o livro da nossa vida. Não estamos “brincando de Deus”, estamos apenas “lendo” o que ele publicou há muitos milhões de anos. Fazer ciência não é usurpar direitos divinos. Enfim, entre

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