BIOÉTICA E MEDICINA

ambições científicas, como entendia Claude Bernard, para vislumbrarmos nossos parentes mais próximos como anunciou Darwin. Pois, foi o próprio conhecimento científico que nos forneceu nos últimos anos uma grande quantidade de informações sobre os animais que nos possibilitou encontrar muitas semelhanças com a vida humana. Quanto mais conhecemos o comportamento animal mais importante essa continuidade se torna. E talvez aí resida um dos nossos maiores desafios: precisamos conhecer ainda mais sobre os animais para trabalharmos com eles, ou seja, para buscarmos seu bem-estar e minimizar os danos, ou para decidirmos quando não devemos utilizá-los, ou seja, é a partir de uma dada concepção moral que ampliaremos a busca de alternativas. Em ambas as situações, é fundamental o papel das reflexões morais, das discussões e da ampliação do debate nos diversos âmbitos da sociedade, e especialmente na formação dos nossos cientistas. Eis aí a contribuição da bioética para a experimentação animal, pois talvez já não possamos mais ter esperanças de viver em um mundo onde não exista dor, no seu sentido amplo e irrestrito, mas precisamos, então, cada vez mais, acreditar que podemos minimizá-la, reduzi-la ou aniquilar as suas múltiplas formas. *Artigo publicado no Jornal do CREMERJ , ano XI, n. 105, p. 12, jun. 1999. 31

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