BIOÉTICA E MEDICINA

a de amanhã, e os erros de hoje não poderão ser repetidos no futuro, porque devem servir para reavaliações com vistas a uma melhoria crescente, e esta é uma diferença fundamental quando se trata de ensinomédico. O estudo da saúde tem permitido conhecimento que abrange um universo tão grande, que para se gabaritar neste meandro - ou seja, tornar-se um profissional respeitável - requer muito trabalho, dedicação, empenho e boa vontade porque, se no passado o médico era endeusado, hoje ele é questionado e processado, e isto tem que ser trabalhado na formação médica, humana e profissional de qualquer pessoa ligada à área da saúde. A escola médica deve se tornar mais realista, demonstrando as reais necessidades da sociedade e da comunidade perante um serviço médico, “dissecar” o mercado de trabalho, com suas dificuldades financeiras e principalmente tratar da ética médica, que não abrange só o relacionamento médico-paciente, mas sim a relação humana em sua maior abrangência. Este ponto considero de fundamental importância, porém tenho observado muitas vezes que os alunos em formação não possuem capacidade para separar a realidade do seu próprio sonho - ou de seus familiares -, o qual caracteriza a medicina como uma profissão dos deuses. Não existem deuses. Somos todos seres humanos em fase de descobertas, aprendizado e por isto mesmo passíveis de erro. Mas na medicina devemos nos esforçar por não errar, pois estarmos lidando com vidas humanas. O ensino está em contínua mudança. A realidade também está mudando e temos que estar preparados para estas modificações. O ensino médico continuado e a busca por novos conhecimentos serão contínuos. No entanto, temos que passar a avaliar os avaliadores. Temos que aprender a dizer "não sei", não estou preparado, vou te encaminhar a um profissional mais preparado para este ou aquele procedimento. Estas frases tambémdevem ser ensinadas na faculdade. A verdade é que estamos lidando com pessoas, valores, paradigmas, estruturas, interesses e objetivos diferentes. Por isso, a verdade não é única e precisamos divulgar isso. Desta forma, observamos que tudo isto transformou o ensino numa das áreas profissionais mais importantes do século e precisa ser valorizada. * Artigo publicado no Jornal do CREMERJ , ano XVIII, n. 173, p. 16, fev. 2005. 116

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