DOENÇAS INFECIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO

Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 101 B OTULISMO conservados de maneira inadequada. Os alimentos mais comumente envolvidos são conservas vegetais, principalmente as artesanais (pal- mito, picles, pequi); produtos cárneos cozidos, curados e defumados de forma artesanal (salsicha, presunto, carne frita conservada em gordura – “carne de lata”); pescados defumados, salgados e fermen- tados; queijos e pasta de queijos e, raramente, emalimentos enlatados industrializados. t Botulismo por ferimentos - Ocasionado pela contaminação de feri- mentos com C. botulinum , que em condições de anaerobiose assume a forma vegetativa e produz toxina in vivo . As principais portas de entrada para os esporos são úlceras crônicas com tecido necrótico, fissuras, esmagamento de membros, ferimentos em áreas profundas mal vascularizadas ou, ainda, aqueles produzidos por agulhas em usuários de drogas injetáveis e lesões nasais ou sinusais em usuários de drogas inalatórias. É uma das formas mais raras de Botulismo. t Botulismo intestinal - Resulta da ingestão de esporos presentes no alimento, seguida da fixação e multiplicação do agente no ambiente intestinal, onde ocorre a produção e absorção de toxina. A ausência da microbiota de proteção permite a germinação de esporos e a produção de toxina na luz intestinal. Ocorre com maior frequência em crianças com idade entre 3 e 26 semanas – por isso, foi ini- cialmente denominado como Botulismo infantil. Em adultos, são descritos alguns fatores predisponentes, como cirurgias intestinais, acloridria gástrica, doença de Crohn e/ou uso de antibióticos por tempo prolongado, o que levaria à alteração da flora intestinal. t Outras formas - Embora raros, são descritos casos de Botulismo acidental associados ao uso terapêutico ou estético da toxina bo- tulínica e à manipulação de material contaminado, em laboratório (via inalatória ou contato com a conjuntiva). Observação: Não há relato de transmissão interpessoal, apesar de ocorrer excreção da toxina botulínica e esporos da bactéria por sema- nas ou meses nas fezes de lactentes com Botulismo intestinal. Período de incubação - Quando o mecanismo de transmissão en- volvido é a ingestão direta de toxina já presente no alimento, o perío- do de incubação é menor e a doença se manifesta mais rapidamente. Quando ocorre a ingestão de esporos ou a contaminação de ferimen- tos, o período de incubação é maior, porque a doença só se inicia após a transformação do C. botulinum da forma esporulada para a vegetativa, que se multiplica e libera toxina. Períodos de incubação curtos suge- rem maior gravidade e maior risco de letalidade.

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2