PRÊMIO DE RESIDÊNCIA MÉDICA

174 175 Prêmio de Residência Médica Prêmio de Residência Médica Figura 2– Marcação pré-operatória. Figura 3– Resseção cirúrgica ampla com acesso crânio-facial Figura 4 – Espécime cirúrgico. O exame histopatológico revelou carcinoma adenóide cístico de seio maxilar Figura 5 – Reconstrução com retalho livre do músculo reto abdominal. Resultado final com seis meses de pós-operatório Caso 2 Figura 6 – Tomografia computadorizada de crânio evidenciando volumosa massa em face direita com invasão da base do crânio Figura 7 – Carcinoma espinocelular de face direita. Marcação préoperatória. Figura 8 – Ressecção cirúrgica ampla: exenteração alargada de órbita com ressecção de todas as suas paredes, platô cribiforme, parte da asa do esfenóide, pansinusectomia, parotidectomia total com inclusão do nervo facial, maxilarectomia subtotal, mandibulectomia segmentar e esvaziamento cervical supra-omohiódeo Figura 9 – Reconstrução com retalho livre do músculo reto abdominal. Pós-operatório imediato DISCUSSÃO Os tumores que acometem a região craniofacial quando não diagnosticados e tratados de forma adequada, podem invadir estruturas profundas como ossos da base do crânio, conteúdo orbitário, meninges e parênquima cerebral, produzindo situações de extrema complexidade, exigindo muitas vezes reconstruções tridimensionais conforme estabelecido por Galvão e cols. em 19888. Os carcinomas da pele do tipo histológico espinocelular e basocelular pela sua alta prevalência em nosso país devido às precárias condições médicos-assistenciais associado à excessiva exposição solar, foram os mais comumente encontrados com 35% e 26% dos casos respectivamente, ao contrario do que ocorre em países desenvolvidos, onde a maioria das indicações de cirurgia craniofaciais são para pacientes com tumores originados dos seios da face2,7,9,10. A maioria dos tumores foram estadiados como T4N0M0, o que denota um comportamento biológico agressivo, porém, com baixo potencial metastático, exigindo dessa maneira uma ressecção ampla commargens livres de doença residual11. Apesar disso, as taxas de recidiva tumoral foram de 13% (n=3). Um dos fatores demográficos analisado em nosso estudo foi a idade dos pacientes. Amédia de idade foi de 60 anos e apesar deste dado, a taxa de complicações foi de 26% e houve apenas um óbito tardio por etiologia clínica, confirmando a segurança do procedimento microcirúrgico independenteda idade, conformedemonstrado12. Atualmente existem uma miríade de opções para reconstruir os defeitos craniofaciais, sendo a indicação dependente das dimensões do defeito e das estruturas envolvidas11. Historicamente, há relatos que remontam ao século passado, quando em 1862, Von Langenbeck utilizou retalho de palato para fechamento de um pequeno defeito em cavidade oral. Em meados do século 20, várias opções de retalhos locais e regionais foram descritos, entretanto, com o desenvolvimento e aprimoramento das técnicas microcirúrgicas na década de 80, houve o grande salto para as reconstruções desses defeitos, tendo efeito direto na abordagem do tratamento cirúrgico destes pacientes3,4,9. Tradicionalmente, os defeitos do maxilar eram tratados com retalhos locais e enxertos de pele, seguido do implante de prótese obturadora3,4,10,13,14, contudo, a superioridade dos retalhos livres no que concerne em restabelecer simetria e volume facial, promover suporte para implantes osteointegrados e isolamento de estruturas profundas, com um menor prejuízo na fala e deglutição, tornou essa conduta obsoleta2-4,9,10,15. A possibilidade de reconstrução adequada pelos transplantes de tecido autólogo permitiu ampliar as indicações cirúrgicas e oferecer uma opção de tratamento àqueles pacientes com doença avançada que anteriormente eram relegados a sua própria sorte.

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2