PRÊMIO DE RESIDÊNCIA MÉDICA

216 Prêmio de Residência Médica esse processo, até a cicatrização (Fig. 5). Nesses 10 meses, não notamos sinais de infecção. As áreas reepitelizadas apresentavam as características da pele periulcer de insuficiência venosa: discrômicas, atróficas, xeróticas e descamativas sendo o paciente orientado a hidratá-la com fórmula AGE (Ácidos gordos Essenciais) e evitar traumas locais. DISCUSSÃO Nas úlceras venosas, os fibroblastos tornam-se menos responsivos ao fator de crescimento tecidual beta (TGF-beta) e ao fator de crescimento derivado de plaqueta (PDGF) devido à redução da expressão de receptores do tipo II TGF-beta nessas células levando a úlcera a uma fase estacionária na qual não se consegue mais progredir o processo de reparação9. O ácido tricloroacético (ATA) foi descrito na literatura como indutor da produção de fatores de crescimento. O ATA promoveu o aumento da expressão de RNA sendo avaliado por PCR (protein chain reaction) do TGF beta e o aumento do fator de crescimento de- rivado de plaqueta (PDGF) avaliado por imunohisto- química10. Além disso, são descritas outras ações do ATA na literatura como necrose da epiderme seguida da renovação epidérmica e da matriz da derme papilar; supressão da proliferação de queratinócitos e fibroblastos; inibição da síntese de proteína pelo fibroblasto e degradação das proteínas 4 . Todas essas ações fazem do ácido tricloroacético um agente ao mesmo tempo cáustico e cicatrizante. Especula-se, pelo bom resultadoobservadoem nossa prática clínica, que a combinação dessas ações fazem do ATA uma opção terapêutica eficaz e de baixo custo para o tratamento de úlceras crônicas em pacientes com comorbidades clínicas. Esse tratamento possibilitará ao paciente a realização da troca de prótese femoral que estava contraindicada pela presença da úlcera, permitindo inclusive que o paciente possa deambular e tenha uma melhor qualidade de vida. Fig 5 - Cicatrização completa da úlcera após 66 aplicações de TCA, sendo as 30 iniciais diariamente e as 36 subsequentes semanais e 4 aplicações de corticoide em borda queloidiana. REFERÊNCIAS Abbade LF, Lastória S. Abordagem de pacientes com úlcera da perna de etiologia venosa. An Bras Dermatol. 2006; 81(6):509-22. Azoubel R, Torre GV, Silva LS,Gomes FV, Reis LA. Borges EL, Caliri ML,Haas VJ. Revisão sistemática do tratamento tópicAda úlcera venosa. Rev Latino-Am Enf. 2007; 15(6 ):1163-70. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políti- cas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares -Parte II. An Bras Dermatol.2003; 78(5):525-2. Efeitos da terapia física descongestiva na cicatriza- ção de úlceras venosas. Rev Esc Enferm USP. 2010; Fabbrocini G, Caccapuoti C, Fardella N, Pastore G, Astore G, Monfrecola G. CROSS technique: chemi- cal reconstruction of skin scars method. Dermatol Ther. 2008; 21:S29-33. Fitzpatrick´s Dermatology in General Medicine, se- venth edition, section 40 chapter 249. Frade MA, Cursi I, Andrade FF,Soares SC, Wendel SR, Santos SV, et al. Leg ulcer: an observational study in Juiz de Fora, MG (Brazil) and region. An Bras Dermatol. 2005; 80(1):41-6. Guimarães Barbosa JA, Nogueira Campos LM. Di- retrizes para o tratamento da úlcera venosa. Enfer Global. 2010; 20 :1-13. Mandelbaum SH, Di Santis EP, Mandelbaum MHSA. Yonei N, Kanazawa N, Ohtani T, Furukawa F, Ya- mamoto Y. Induction of PDGF-B in TCA- treated epidermal keratinocytes. Arch Dermatol Res. 2007; 229(9):443-40. Zanini M. Gel de ácido tricloroacético - Uma nova técnica para um antigo ácido. Med Cutan Iber Lat Am 2007; 35(1):14-7.

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