MANUAL DO MÉDICO RESIDENTE - 3ª EDIÇÃO

manua l do mé d i co r e s i d e n t e 9 RESIDÊNCIA MÉDICA - 60 ANOS: UM POUCO DA HISTÓRIA ADALBERTO AUGUSTO ALVES Graduação pela UFRJ (1973). Residência Médica em Neurologia no IASERJ (1974/1975). Pós-Graduação em Neurologia pela PUC (1974). Chefe do Serviço de Residência do IASERJ desde 1991. Membro da Comissão de Médicos Recém-Formados do CREMERJ nas duas últimas gestões. DOS PRIMÓRDIOS ATÉ A DÉCADA DE 60 As primeiras experiências com Residência Médica no Brasil remontam ao ano de 1944, tendo como pioneiro o Hospital de Clínicas da USP e, logo a seguir, o Hospital dos Servidores do Estado, no antigo Distrito Fede- ral. Tais empreendimentos foram sabidamente inspirados nos modelos americanos. As citadas instituições eram à época dotadas de elevado gabarito técnico-científico em seus Serviços. Assim, nada mais natural do que atrair para si as iniciativas de implantar um sistema de formação de especialistas aos moldes dos hospi- tais norte-americanos. Por outro lado, estas necessidades vinham ao encontro da crescente industrialização e urbanização concentrada no eixo Rio - São Paulo. Até meados da década de 50 a abrangência dos Programas de Residência Médica (PRM) atingia apenas um contingente muito pequeno dos egressos das escolas médicas, dando-se a definição de objetivos, implan- tação e consolidação dos problemas iniciais. Desta fase, até o início dos anos 60, ocorreu uma ampliação gradual do número de PRM, geralmente em instituições oficiais, alavancada pelo interesse do corpo clínico ou pela procura dos recém-formados. Neste cenário, o crescente número de PRM e médicos residentes despertaram nestes últimos a necessidade de uma organização a nível nacional, buscando respostas às inúmeras demandas que se acumulavam de forma desordenada. Paralelamente, esta mesma preocupação chegou até a Associação Brasileira de Esco- las Médicas (ABEM) que, em reunião realizada em 1964, propõe a criação de uma comissão de verificação dos aspectos pertinentes à implantação e supervisão do internato e da Residência Médica. Em 1966, no Hospital São Paulo da Escola Paulista de Medicina, ocorre o I Congresso Nacional de Médicos Residentes, que discorre sobre este mesmo tema. Seu desdobramento natural, o II Congresso Nacional, levado a efeito no Hospital dos Servidores do Estado (Rio de Janeiro) em outubro de 1967, com a presença de 24 represen- tações hospitalares, fundou a Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR). Este mesmo Congresso ainda deu sua definição sobre Residência Médica como sendo “uma forma de ensino pós-graduado que per- mite ao médico recém-formado aperfeiçoar-se nos diferentes ramos da atividade médica, trabalhando numa organização hospitalar de bom padrão, em regime de tempo integral e devotamento exclusivo, por prazo suficiente e sob supervisão de colegas mais experimentados”. Ainda foram formulados os “Padrões Mínimos de uma Residência Médica”, um balão de ensaio sobre regulamentação. O PAPEL CAPITAL DA ANMR O III Congresso Nacional de Médicos Residentes (Brasília, 1968) concretizou ações que culminaram com a elaboração de um Plano Nacional de Residência Médica, proposto pela ABEM em parceria com a ANMR. O Plano Nacional assegurava à ANMR a responsabilidade principal pela sua execução, com assessoria de outras entidades médicas. Foi noticiada a fundação das Associações Regionais de Médicos Residentes nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Guanabara e Rio. Importantíssima foi a sugestão do plenário deste congresso pela criação das Comissões Hospitalares de Residência Médica, com recomendação de representação paritária entre médicos residentes e orientadores. Deliberou-se que todos os certificados concedidos aos médicos residentes tivessem a chancela da ANMR. Foi apresentado um cro-

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