DIRETRIZES GERAIS PARA O EXERCÍCIO DA MEDICINA DO TRABALHO

DIRETRIZES GERAIS PARA O EXERCÍCIO DA MEDICINA DO TRABALHO 27 C a p í t u l o 2 R e l a c i o n a m e n t o d a M e d i c i n a d o T r a b a l h o c o m o T r a b a l h a d o r A atividade de Medicina do Trabalho terá que obedecer para ser efetiva, a um esque- ma que se coadune à realidade brasileira e da própria empresa, ser autóctone, sem cópias ou orientação alienígenas. O médico de qualquer empresa, seja a pequena, média ou grande, terá que desen- volver seus próprios modelos de medicina do trabalho, acompanhando os critérios estabelecidos na legislação, com a necessária flexibilidade de ação e independência de procedimentos se quiser ser realmente útil ao desenvolvimento nacional. Com toda a responsabilidade que lhe é conferida, no seu atendimento diário aos tra- balhadores, e procurando dar um enfoque pragmático ao que está acontecendo no cotidiano, os médicos do trabalho defrontam-se com duas situações freqüentes: a. Trabalhadores com doença localizável, ou seja, com manifestações que levam a um diagnóstico orgânico definido. A atividade médica está organizada para manejar essa situação, advindo daí o desenvolvimento de toda uma estrutura ambulatorial nas empresas, em estabelecimentos contratados ou através do sistema estatal, pre- dominantemente terapêutica, de fundo beneficente, que ainda prevalece em muitos serviços médicos ditos de medicina do trabalho. É o que se denomina de Medicina Centrada na Doença, onde o diagnóstico tradicional e superficial origina uma terapêutica sintomática baseada na teoria das doenças orgânicas. b. Trabalhadores com manifestações não localizáveis. As pessoas procuram, ou são mandadas compulsoriamente ao médico, são os exames periódicos ocupacionais, que em geral não apresentam problemas de monta ou quando apresentam estão predominantemente ligados a situações da vida de relação pessoal. Nestes casos as técnicas usualmente empregadas na busca diagnóstica não são de grande ajuda. Há necessidade, portanto, de uma nova abordagem no relacionamento médico-clien- te, que podemos chamar de Medicina Centrada na Pessoa, ou seja, na pesquisa das suas habilidades e de suas reações pessoais. No caso especifico da Medicina do Tra- balho, é o estudo da pessoa do trabalhador de suas características biopsicofisiológicas, das suas relações e de sua sensibilidade com sua ocupação e o ambiente de trabalho. Os médicos que procuram realmente praticar a Medicina do Trabalho sabem que a freqüência do segundo caso é bem maior, portanto, o que deve prevalecer são as técnicas da avaliação da capacidade do trabalhador exercer sua atividade, e a pesquisa para avaliar até que ponto a agressividade do ambiente e do trabalho provoca algum tipo de desequilíbrio na homeostase.

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