DIRETRIZES GERAIS PARA O EXERCÍCIO DA MEDICINA DO TRABALHO

DIRETRIZES GERAIS PARA O EXERCÍCIO DA MEDICINA DO TRABALHO 55 C a p í t u l o 1 A n á l i s e d a P r á t i c a Muitos médicos vêm demonstrando, pelo grau de participação em cursos, congres- sos, seminários, que são ministrados por sociedades profissionais científicas e por universidades, que estão consolidando seus espaços. No contexto maior, a estabilização nas iniciativas governamentais com relação aos programas de saúde do trabalhador e a retração do mercado de trabalho, levaram a uma relativa desaceleração neste campo. Isso, entretanto, não significa qualquer quebra da importância ou desinteresse pelo mesmo. Haja visto o ímpeto com que as novas iniciativas terceirizadas entram neste campo, entendendo a necessidade de assistir, tecnicamente, às empresas na manutenção da saúde de seus trabalhadores. Entretanto de parte dos médicos existem outras causas subjacentes: a) o médico do trabalho ainda tem, em geral, outra especialidade mais tradicional, à qual dá mais atenção, e tem a medicina na empresa (não a medicina do trabalho) como uma forma de complementação salarial; b) há resistências da parte dos níveis administrativos e técnicos intermediários, de aceitar o papel e as conclusões dos médicos do trabalho. Isto porque há sempre um velado desejo de poder se intrometer na atividade médica, o que, em geral, é con- trariado pelas decisões técnicas, contestadas pelas necessidades médicas e impedido por dispositivos legais e éticos. Para conquistar seu espaço, sugerimos que o médico do trabalho tenha em mente os seguintes postulados: 1 - Equipe-se com a competência técnica para ser médico do trabalho; o restante do pessoal da organização, empresa ou instituição tem que perceber que o médico do trabalho sabe muito, muito mais do que eles. Portanto suas decisões não atrapalham, pelo contrário, ajudam. 2 - Fale a linguagem da empresa, parta do princípio que o médico do trabalho é um promoter , e que o restante da empresa é o seu público a ser trabalhado. Seu interesse e conhecimento sobre a empresa, insumos e matérias-primas, planejamento e quali- dade dos produtos são fundamentais para sua aceitação. 3 - Use dados estatísticos; muito já se disse de positivo e de pejorativo sobre a estatís- tica. Mas ela é útil. E, os médicos do trabalho têm nas mãos, a sua disposição, dados estatísticos preciosos para usar como argumento. 4 - Lide com fatos, não com sentimentos; não mostre uma situação errada dizendo “acho que isto está acontecendo, ou percebo tais problemas”. Os “sentimentos” costumam ficar esquecidos. E já se disse que contra fatos não há argumentos.

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